A trama pensada para Halloween Ends, que continua a trilogia iniciada em 2018 por Halloween (leia textoaqui e aqui) e se desenvolve em Halloween Kills (resenhaaqui), lançado ano passado, já era prevista desde a divulgação do segundo filme, de acordo com inúmeras entrevistas do diretor David Gordon Green. Assim, já era sabido que a produção teria um salto de quatro anos até o retorno de Michael Myers e todo o horror que pode se imaginar na pequena cidade de Haddonfield. Não obstante, esperava-se uma maior conexão aos acontecimentos passados. Isto porquê para a finalização o espectador encontrará diante de si possíveis respostas para um retorno no futuro deste personagem tão aterrorizante, bem como o seu desfecho.
Na película protagonizada por Jamie Lee Curtis, onde vive Laurie, a vida continua difícil e árdua. Esperando quando a ameaça retornará novamente. Contudo, agora que Laurie está mais social e residindo em um bairro mais próximo da cidade, a vida ao lado da neta Allyson, papel de Andi Matichak, tem a feito reviver os dias de ''mãezona'' novamente e mesmo que o luto para ambas ainda seja algo muito presente, elas tem seus momentos.
Mas as cenas iniciais do filme não necessariamente se voltam para retratar Laurie e Allyson vivendo suas vidas e sim o acidente trágico em que o jovem Corey, vivido por Rohan Campbell, passou ao ir uma noite qualquer trabalhar de babá. A criança a qual ele estava responsável forja um tipo de situação que amedronta o rapaz e, por consequência, ela cai de um lugar alto e morre. O que deixa os pais enraivecidos e de luto eternamente. Não há um prosseguimento de cenas nestes eventos, porém entendemos que Corey consegue provar sua inocência, ainda que toda a cidade o culpe de qualquer forma pelo que ocorreu.
Não demora e um grupo de adolescentes inicia um tormento diário com Corey e em uma dessas vezes Laurie o conhece e o leva até a enfermaria para que Allyson cuide dele por ter machucado a mão tentando se defender. O encontro é tímido, todavia, de cara já mostra que a moça está interessada neste pobre desajustado. Um romance improvável acaba ganhando grande parte das cenas e deixando a Allyson, que se mostrava bastante na sua, um tanto quanto desesperada por atenção. E Corey continua sendo perseguido pelo grupinho conhecido até que um dia cai de uma ponte. O lugar é habitado por um morador em situação de rua e logo entendemos que Michael também está por perto. Dentro de um espaço vazio e que lembra um esgoto. Este encontro, que poderia ter terminado em sangue, na verdade, faz Corey despertar o mal que tem dentro de si. Logo, ainda que o jovem tivesse uma carga moral e ética distinta, essa se quebra ao passo que Michael o toca.
Halloween Ends entrega novamente seu assassino machucado e perturbado, mas que vai melhorando a partir do momento que dilacera alguém como uma faca afiada. Alguns percebem o que está havendo com Corey e que ele está diferente, mas o recente crush que Allyson constrói pelo jovem não a permite entender que está em perigo, tanto quanto Laurie que poderá receber uma visita de seu ex-melhor assassino a qualquer hora e data.
Apesar do fraquíssimo desenvolvimento da possível criação de ''um futuro Michael Myers'', as cenas dos assassinatos são as mais chocantes e melequentas possíveis. É adolescente sendo atropelado, é radialista tendo a língua cortada, é gente ficando dependurada na parede da sala pela faca do assassino e muito mais. Uma cena ou outra, aliás, nos lembra alguns assassinatos do primeiro ''Scream'', de Wes Craven. Assim como detalhes dos ambientes (casas com piscina esfumaçadas). Ou também de outras referências do terror. Outro ponto fraco é o romance em que a personagem de Matichak se mete. Totalmente sem nexo, ainda que pessoas em luto tenham alguma espécie de carência, a personagem emburrece de um jeito banal e é somente nas revelações do terceiro ato que a mesma entende que deveria ter ficado ao lado da avó desde o começo e a escutado.
Se o texto do segundo filme é falho, o roteiro deste aqui é totalmente perdido. As construções de personagens, obviamente, se baseiam em clichês: grupos praticando bullying, tragédias que unem os personagens e etc. A direção por mais que tente fazer o espectador entrar na vibe carnicenta das matanças, não justifica nenhum caminho torto tomado pelos protagonistas e coadjuvantes. Enfim, o que começou tão bem em 2018, não consegue ser equilibrado e agradar todos os amantes do gênero.
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Ficha Técnica
Título original e ano: Halloween Ends, 2022. Direção: David Gordon Green. Roteiro: Paul Brad Logan, Chris Bernier, Danny McBride, David Gordon Green - baseado nos personagens criados por John Carpenter e Debra Hill. Elenco: Jamie Lee Curtis, Kyle Richards, Andi Matichak, Nick Castle, James Jude Courtney,Will Patton, Rohan Campbell, Marteen, Joey Harris, Keraun Harris, Dillon Belisle, Destiny Mone, Michael O'Leary. Gênero: Terror, Suspense. Nacionalidade: EUA, UK. Trilha Sonora Original: John Carpenter Fotografia: Michael Simmonds. Edição: Timothy Alverson. Design de Produção: Richard A. Wright. Direção de Arte: Michael H. Ward. Figurino: Emily Gunshor. Distribuidora: Universal Pictures Brasil. Duração: 01h51min.
Um fechamento que, na medida que acha certo, conclui a sua proposta e se abre para novos caminhos em possíveis filmes com produção de Jason Blum e Malek Akkad em um futuro próximo.
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