Branca Como A Neve, de Anne Fontaine


Releituras de contos de fadas são algo que está em alta não só no cinema, mas em diversos nichos da cultura pop atual. Branca de Neve, por exemplo, foi uma das primeiras a ganhar esse destaque em meados de 2012, quando duas adaptações distintas chegaram ao cinema e transformaram a imagem da mocinha envenenada pela madrasta (no caso, Espelho, Espelho Meu e Branca de Neve e o Caçador). Porém, nenhuma se arriscou do mesmo jeito que Branca Como A Neve (Blanche comme neige), da diretora Anne Fontaine.

Na trama, Claire (Lou de Laâge) é uma jovem que perde o pai e acaba se tornando empregada do hotel de sua madrasta (Isabelle Huppert). Quando a mesma arma uma emboscada para sua enteada, Claire se vê perdida no meio do nada e acaba sendo resgatada por uma versão alternativa dos sete anões (que agora são 7 homens com personalidades bem distintas), e isso acaba dando a liberdade que a jovem sempre desejou.


Se você planeja levar sua família para assistir, desista. A adaptação trata-se de uma versão um tanto “erótica” do conto, o que indica que diversas cenas de nudez estarão presentes e, muitas vezes, até de forma cômica. É interessante notar que a diretora não abordou essas cenas como algo fetichista, feitas especialmente para o deleite masculino, mas sim para retratar a liberdade e a autodescoberta de Claire.

Falando na jovem, Lou de Laâge transparece a inocência característica da Branca de Neve, que após todo seu sofrimento, finalmente começa a descobrir as glórias que a vida pode ter. Porém, é impossível não descrever o quão maravilhosa é a atuação de Isabelle Huppert e sua “madrasta má”. Mesmo em um filme mediano e que pode não agradar a todos, a atuação de Huppert é algo de tirar o fôlego, desde seus olhares que transparecem ódio e classe, até uma longa cena que dirige seu carro em busca da enteada inimiga. A atriz se consagra a cada trabalho como uma das maiores atrizes francesas da atualidade.


Ainda assim, o roteiro deixa a desejar e parece focar apenas na “inocência” de Claire sem abordar mais profundamente seus sentimentos, deixando-a por muitas vezes, vazia. A escolha dos “anões” também não é muito explicada, deixando a dúvida de quem faz parte do grupo até os minutos finais. E em nenhum momento suas personalidades são detalhadas, tornando-os apenas meros apetrechos superficiais. 

Apesar dos pesares, Branca Como A Neve diverte e garante boas risadas em alguns momentos, mas peca em não explorar seu roteiro, afinal, este poderia se tornar um conto ainda mais rico e perturbador. 

Trailer


Ficha Técnica

Título Original e AnoBlanche Comme Neige, 2019. | White as Snow. Direção: Anne Fontaine. Roteiro: Anne Fontaine, Claire Barré, Pascal Bonitzer - Baseado no conto de fadas de Jacob e Wilhelm Grimm. Elenco: Isabelle Huppert, Benoît Poelvoorde, Damien Bonnard, Charler Berling, Benoît Poelvoorde, Pablo Pauly. Nacionalidade: França e Bélgica. Gênero: Drama,Comédia. Trilha Sonora Original: Bruno Coulais. Fotografia: Yves Angelo. Direção de arte: Bruno via.Figurino:   Emmanuelle Youchnovski. Distribuição: A2 Filmes. Duração: 112 min.Classificação:16 anos. 

Avaliação: 3/5

HOJE NOS CINEMAS

Escrito por Juliana Melguiso

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