Another Round | 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo


''Garçom, aqui nessa mesa de bar”, citando o ilustre filosofo pernambucano de botequim Reginaldo Rossi, no começo de sua clássica canção dedicada aos bêbados em mesas de bar, começo a falar sobre o filme de encerramento da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que contou com exibição ao ar livre na última semana no Parque do Ibirapuera - claro, respeitado todos os protocolos de segurança. A película foi exibida logo após a cerimônia de premiações, por volta das 22 horas.

O álcool nos transforma e nos faz viver um segundo eu, onde fugimos do que somos e encenamos uma segunda existência, uma felicidade fugaz e um breve alívio da tristeza:

“E para matar a tristeza

Só mesa de bar

Quero tomar todas

Vou me embriagar”

Mads Mikkelsen, este ator brilhante e que merece todos os prêmios do mundo tal sua qualidade de interpretação, dá vida a Martin, professor entediado que é pai de dois adolescentes e vive uma crise no casamento com a bela esposa Anika (Maria Bonnevie). Uma noite, comemorando o aniversário de um amigo, ouve da boca dele a teoria de que álcool moderado melhora a vida de todos, deixando a pessoa mais relaxada, comunicativa e criativa. Martin resolve testar essa ideia e junto com seus três grandes amigos, professores da mesma escola, embarca numa rotina de bebedeiras, primeiro no nível moderado e depois aumentando a intensidade até ultrapassarem o limite do razoável.

O álcool realmente transforma a vida dos quatros amigos “mosqueteiros”. O relaxamento, a espontaneidade, o bom humor que a bebida provoca, torna-os melhores como pessoas e profissionais. Mas o abuso vai revelando os dissabores do vício e o caldo entorna. A vida deles entra numa espiral de destruição e decadência. Alguns se salvam, outros não. 


Ficha Técnica
Título original e ano: Druk, 2020. Direção: Thomas Vinterberg. Roteiro: Thomas Vinerberg, Tobias Lindholm. Elenco: Mads Mikkelsen, Thomas Bo Larsen, Magnus Millang, Lars Ranthe Maria Bonnevie, Helene Reingaard Neumann. Gênero: Drama. Nacionalidade: Dinamarca, Suiça e Holanda. Supervisor Musical: Mikkel Maltha. Fotografia: Sturla Brandth Grøvlen. Edição: Janus Billeskov Jansen e Anne Østerud. Figurino: Ellen Lens e Manon  Rasmussen. Distribuição: Vitrine Filmes. Duração: 116min. 
No decorrer de quase duas horas de filme, esta coprodução dinamarquesa, sueca e holandesa dirigida pelo diretor dinamarquês Thomas Vinterberg, famosíssimo e aclamado por Festa de Família e A Caça, aproveitando o gancho no roteiro das aulas do professor de história Martin, expõe a história de vários bêbados famosos que lideraram grandes momentos da humanidade. E aí entram também citações de filósofos e pensadores sobre o tema, um vasto tratado sobre a bebida alcoólica e a humanidade.


O roteiro proporciona uma bela reflexão sobre fracasso, fragilidade, desespero e como o álcool e as bebedeiras podem nos fornecer um alívio de nós mesmos e de nossas crises existenciais. Obviamente as consequências podem ser funestas para alguns de nós. Mas pedimos outra rodada ou não? Garçom, veja aí a saideira...

A edição do filme é excelente. As cenas de bebedeiras filmadas são divertidas, excitantes e estarrecedoras. Tecnicamente, o filme é muito bem feito. Não está à altura das obras-primas citadas do diretor, é um filme menor na sua filmografia, mas que vale muito a pena assistir. O tema é polêmico, então ALERTA DE GATILHO para quem sofre com dependência química. Quem puder e se sentir confortável com a situação abordada, assista! 

Nota: 7,5/10.

Escrito por Marcelino Nobrega

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