Cinderella | Assista no Prime Video


Cinderella é um dos contos de fadas mais conhecidos da Humanidade. Há várias versões sobre a origem da história, sendo a mais aceita, a do escritor francês Charles Perrault, de 1697, que, por sua vez, se baseou em um conto italiano bastante popular denominado "La Gata Cenerentola". Há ainda, uma versão mais antiga, originada na China e uma outra mais semelhante à francesa, escrita pelos Irmãos Grimm, onde entretanto, a figura da fada madrinha é substituída pelo espírito da falecida mãe.  

A trama e a personagem se tornaram um arquétipo, analisado por psicanalistas como o anseio natural da psiquê humana, que almeja um reconhecimento especial e uma existência superior. Levando em conta este aspecto dramático da literatura, o cinema vem explorando a história em centenas de filmes que abordam o tema sob diferentes ângulos, ganhando novos significados no decorrer do tempo. Aliás,  Cinderela se tornou a obra com um dos maiores números de adaptações para a telona. Mas se os tempos mudaram,o que o conto aborda também precisou se adaptar.

Assim, chegou à grade de programação da Amazon Prime mais uma releitura do famoso conto, desta vez assinado pela roteirista, atriz e diretora Kay CannonNaturalmente, a primeira reação ao saber de mais uma releitura é a de descrédito, mas ao conferir o espectador que não queira algo muito cabeça e sério irá se surpreender com esse belo pedaço de bolo de confeitaria. Cheio de inovações a jornada da personagem e bastante ousado e divertido.


Para começo de conversa, é uma comédia musical romântica (gritinhos de louvor!) com uma trilha sonora pop moderna super animada que vai desde canções como "Million to one", interpretada pela carismática Cinder "Ella" Camila Cabello, que está muito bem no papel, inclusive, passando por clássicos como "Somebody to Love", do Queen, "Material Girl", da rainha Madonna, opa e a interpretação de Idina Menzel é sublime, tem também "Let's Get Loud", de Jennifer López, e o recente sucesso "I Found a Love For Me", composição do britânico Ed Sheeran entre outras que o elenco vem interpretando por todo o filme. 

Impossível assistir e não cantar junto!

 
Outro aspecto moderno da produção é que esta Cinderella veio para quebrar paradigmas e acabar com a velha convenção na qual a mulher só tem uma função neste tipo de história: casar e virar princesa. E para tal, depende de um príncipe para viver "feliz para sempre". Aqui, Cinderela tem ideias próprias, sonha em ser reconhecida por seu talento como estilista, quer abrir seu próprio negócio e, ao ser escolhida para o matrimônio real tão sonhado por todas as meninas, dá um belo e sonoro "não" ao pedido de casamento. Não Ella não é contrária ao amor, mas não se anula por ele.

Aliás, todas as figuras femininas fogem ao estereótipo do conto tradicional. Até a Madrasta Vivian (Idina Menzel), antes má, não é de todo maldosa. Ela também sofreu com os padrões impostos, abrindo mão dos seus sonhos em função do casamento, e apenas reproduz comportamentos, sem questioná-los. As filhas, Malvolia (Maddie Baillio) e Narissa (Charlote Spenser), seguem os passos da mãe. A Rainha Beatrice (Minnie Driver) conversa com o rei à altura e mostra que tem personalidade e está insatisfeita por não ter função na corte. Ficar à sombra do rei não lhe basta.As figuras masculinas também evoluíram e saíram do padrão tradicional. O controlador Rei Rowan (Pierce Brosnan) admite suas falhas e erros, o Príncipe Robert (Nicholas Galitzine) entende os desejos de independência de sua amada e, mesmo ele, percebe que não precisa arrastar um papel histórico e se tornar Rei, se não quiser. E porque não deixar o cargo real para sua competente irmã, a Princesa Gwen (Tallulah Greive), que tem ideias sociais inovadoras para o reino.





Toda história é narrada de maneira divertida, com intervenções de uma banda que anuncia as novidades do reino, encabeçada pelo rapper Ben Bailey Smith, conhecido pelo nome artístico de Doc Brown. Há também um coral real sensacional. O toque de fantasia fica por conta dos ratinhos (e não ratinhas rsrsrs) e da lagarta salva por Ella, que irá se transformar em uma bela borboleta, simbolizando as sutis transformações que nos rodeiam. Entretanto, a cereja do bolo fica por conta do fabuloso Fado Madrinho interpretado por Billy Porter (Pose), mostrando que o gênero pouco importa quando o intuito é fazer a mágica acontecer. 

Se você pensa que acabou, preste atenção no solo de percussão ao final do terceiro ato realizado pela musicista prodígio Nandy Bushell (essa garota ainda vai dominar o mundo!!). E a cena de conclusão vem ao estilo bollywood caribenho e ficou adorável.

Cinderella traz uma crítica social importante sobre a mulher como protagonista de sua história, representatividade de grupos e gêneros e ideias progressivas. A produção toda é linda, os efeitos visuais agradam e o figurino encantador (o que foi aquele vestido do baile e o traje do Fado??).  Um conto de fadas moderno para um público específico. Sorte da infância que puder ter isto. 

Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: Cinderella, 2021. Direção e Roteiro: Kay Cannon. Elenco: Camila Cabello, Billy Porter, Idina Menzel, Minnie Driver, Nicholas Galitzine e Pierce Brosnan. Gênero: Romance, Comédia, Familia. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Mychael Danna e Jessica Weiss. Fotografia: Henry Braham. Edição: Stacey Schroeder. Distribuição: Amazon Studios. Duração: 01h53min.

Escrito por Helen Ribeiro

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