O custo da guerra ganha reflexão em 'Decisão de Risco'

Sempre haverá um preço para aqueles que estão em combate. Um que muitos não querem pagar e poucos são corajosos o suficiente para firmarem posições e sofrerem as consequências a partir destas. Ganhando ou perdendo, sempre restarão os danos sofridos e a guerra, volta e meia, encontra um motivo para se fundamentar.

Atualmente, o maior destes conflitos é a luta contra o extremismo religioso e a manta pavorosa que o favorece chamada terrorismo. Uma onda provocada pelo embate de nações e opiniões divergentes sobre inúmeros assuntos que parece não cessar fogo nem um segundo sequer. Ademais, causa um impacto de destruição ainda maior do que o imaginado e traz outra polêmica à tona: o uso de armamentos bélicos ainda mais potentes para combater tal força.

A discussão provoca enfrentamento de opiniões onde uns defendem a ação para proteção dos civis e outros preferem tentar dialogar de forma menos animalesca. Como exemplo, as conferências e acordos mediados pelas Nações Unidas.

Buscando esta linha de análise, a produção inglesa 'Decisão de Risco', dirigida por Gavin Hood (Ender's Game: O Jogo do Exterminador) traz a superfície um enredo que abusa de recursos inteligentes para firmar um pensamento crítico a situações urgentes da busca e captura de agentes terroristas.

Com Helen Mirren, Alan Rickman, Aaron Paul, Iain Glen e Barkhad Abdi, no elenco, a película estreia nesta quinta (07).


Na trama, a coronel Katherine Powell (Helen Mirren) está realizando uma elaborada operação, coordenada diretamente do solo britânico em conjunto com o comando militar norte-americano, para encontrar três perigosos terroristas em Naioribi, no Quênia. Os oficiais acompanham os movimentos dos alvos, através de um avião-drone estrategicamente posicionado para que não seja detectado por radares inimigos. Inicialmente, a operação seria para capturá-los, mas a descoberta de dois homens-bomba faz com que o objetivo mude para eliminá-los a qualquer custo. Inicia-se então um debate interno, envolvendo o lado militar e também o político, sobre como agir causando o mínimo possível de danos colaterais.

A película não faz esforço algum para ser surpreendente. Ela simplesmente é. Cativa a inteligência do espectador, dosa tensão, humor e emoção e não se compele a ser melodramática. Pelo contrário. Usa mão de recursos que a deixam reflexiva. Traz dados importantes, relata fatos e questiona tanto os agentes políticos como os militares. A imposição forte da direção contrasta bem os núcleos de atores e imprime segurança ao tocar nas feridas abertas que o enredo exibe.
O elenco causa impacto com seu forte entrosamento e todos os atores em cena ganham uma função importante. Aaron Paul, que cabe no papel como ninguém, não se trai em nenhum momento. Helen Mirren interpreta uma mulher forte que raciocina rápido e busca todos os meios possíveis para atingir a meta da missão. Alan Rickman, em seu último papel da carreira, vive um general divido entre o trabalho e a família e nos presenteia com seu grande estilo de atuar. Iain Glen se coloca como um político que necessita de apoio para agir e o núcleo atingido diretamente pelas ações encenam uma realidade muito triste.

O roteiro de Guy Hibbert tem força, é conciso e, mesmo com um ou outro clichê, descreve muito bem um momento de terror. Talvez até esteja diminuto perante a vida real. Mas vale a reflexão.

Gavin Hood causa até espanto pelo bom trabalho - o que difere bastante de outros que fez. A trilha de Killian e Hepker ajuda bastante a por o filme em ordem e a edição é impecável.

Daqueles filmes que a turma de humanas vai se amarrar e ficar trocando figurinha com os fanáticos por suspense e ação.

Trailer



Ficha Técnica: Eye in The Sky, 2015. Direção: Gavin Hood. Roteiro: Guy Hibbert. Elenco: Babou Ceesay, Lex King,Phoebe Fox, Carl Beukes, Monica Dolan, Faissa Hassan, Aisha Takow, Armaan Haggio, Helen Mirren, Alan Rickman, Aaron Paul, Iain Glen e Barkhad Abdi.Nacionalidade: Reino Unido. Gênero: Suspense. Trilha Sonora Original: Paul Hepker e Mark Kilian. Distribuidora: Paris Filmes. Duração: 01h42min

Avaliação: Quatro olhares incisivos e questionadores (4/5).

07 de Abril, nos cinemas!

See Ya!
B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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