A Pequena Sereia, de Rob Marshall [2023]

 
Live Action de A Pequena Sereia é finalmente uma parte desse mundo.

Aí está ela, a adaptação de A Pequena Sereia do diretor Rob Marshall (Chicago, Annie, Piratas do Caribe). Uma obra que é, sem dúvidas, uma experiência divertida, apesar de alguns deslizes. Nessa história, mergulhamos no mundo de uma das princesas mais clássicas e mais queridas da Disney. O que marcou a produção do live-action, desde o princípio, foi a escolha de Halle Bailey ( da dupla Chlo x Halle) como a nossa amada Ariel. A escalação da popstar e atriz veio para reforçar para as garotinhas tão deslumbradas com esse mundo mágico, que todas elas podem ser princesas. Inclusive garotas negras, como Halle. A protagonista inclusive, contou ao diretor do filme, que costumava fingir ser a Ariel quando era criança. Marshall revelou em diversas entrevistas que chorou quando a viu cantar Part of Your World


O que todo mundo queria ver era a caracterização de Halle, como ela encarnaria a filha do Rei dos Mares, e como o CGI trabalharia cada um dos detalhes. Não somente isto, mas brincar com a imaginação de uma nova e única versão dessa sereia tão apaixonada pelos humanos. Halle é muito carismática e traz uma Ariel doce e curiosa pela vida além dos mares. Ela é puro coração, carisma e voz. A bela voz de Halle Bailey, cuja carreira tem incentivo de ninguém menos que Beyoncé, que motivou não só ela, como a irmã, Chloe. Juntas, as duas indicadas ao Grammy, têm uma carreira musical e participaram de Grown-Ish. Atualmente, trilham caminhos independentes, mas são super conhecidas nos Eua's pela parceria.


Voltando para ao fundo do mar, o que pode incomodar um pouco, são as imagens geradas por computador, ou, o famigerado CGI. Em alguns momentos, principalmente dentro d'água, alguns efeitos geram um leve estranhamento. Nada que atrapalhe a experiência como um todo, porque logo, logo, ficamos habituados e nos tornamos parte daquele mundo. 


                                                                                      © 2022 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.

O live-action estrelado por Halle Bailey tem 51 minutos a mais do que a animação que dura apenas 79 minutos.

O longa-metragem começa com lindas imagens do mar selvagem. Logo depois, é introduzido ao espectador os tripulantes do navio do príncipe Eric, papel de Jonah Hauer-King (Little Women). Os marinheiros estão entretidos com algo que se move nas águas e dizem que é dia da Lua Coral. Seguem então contando lendas de como nesse dia o Rei dos Mares manda suas filhas seduzirem os homens, para então os matar. Eric acha tudo isso papo furado e está interessado em conhecer as culturas do mundo, estudar as águas desconhecidas e se aventurar pelos quatro cantos da terra. 


Jonah consegue trazer um certo frescor ao personagem de Eric, que, como diz um novo ditado referente a outro filme que sairá este ano, é somente um acessório da protagonista (Hi, Barbie - Ken). No clássico, ele é somente o interesse amoroso de Ariel. No longa de 2023, Eric, tanto quanto Ariel, se sente preso ao castelo e aos deveres de filho da Rainha. Ele quer desbravar o mundo, não quer ficar para trás. Fica aqui um gostinho de que talvez, o Ken não seja somente o Ken, e tem aspirações, por trás do papel de ser somente o catalisador dos sonhos de Ariel. Ele até ganha um solo para si, ao ser resgatado por Ariel, e acordar sem saber quem foi que o salvou, mas tem a memória de a escutar cantar. 


Eric é filho adotivo da Rainha Selina (Noma Dumezweni), uma das novas personagens da trama, e ela é muito protetora quanto ao filho. A realeza também acredita nas lendas do Rei dos Mares, e teme pelo progênito no mar por tanto tempo. Então o proíbe de voltar a navegar de vez. Não só ela, como Sir Grimsby, interpretado por Art Malik (Homeland), se preocupa muito com o príncipe. Ele fica encarregado de procurar a dona da voz misteriosa, mas com a chegada de Ariel, se vê torcendo para que os dois se envolvam, já que percebe que eles se deram bem.


                                                                             © 2022 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.

Halle Bailey tinha 18 anos quando as filmagens se iniciaram em 2020 e Jonah Hauer-King, 22. Com a pandemia, as cenas só foram ser completadas no inicio de 2021.


A canção de Eric, “Wild Incharted Waters”, é um clamor pelas aventuras e pelas águas que ainda não foram desbravadas. Tanto a moça misteriosa, quanto a água, se tornam o sonho do príncipe, que sente essa inquietação, a mesma que Ariel. A voz de Jonah é fofa, e a ideia é ótima, porém, o solo fica um pouco cansativo. Talvez a perfomance do ator não seja tão envolvente, mas fica aquela apreensão por ver mais do mundo de Ariel. Ou para adiantar o plot. 

Dito isso, as músicas mais esperadas, são muito divertidas de assistir. Mesmo que, de novo, o CGI seja um pouco falho. Em Under The Sea, vemos que Sebastião, personagem de Daveed Diggs (Blindspotting, Soul, Hamilton) não brinca em serviço. Aliás, ele carrega o filme nas pequenas costas de caranguejo. Quem está uma fofura em seu papel, é Jacob Tremblay (O Quarto de Jack, Luca), como o fiel amigo de Ariel, Linguado. Outra que sempre nos tira um sorriso só de escutarmos a voz, é Awkwafina (Podres de Ricos), que neste filme, empresta sua voz ao astuto e destrambelhado ao mesmo tempo, Sabidão. Os três fazem uma versão magnífica e bem descontraída de Kiss The Girl.

A intensa e necessária Melissa McCarthy (Missão Madrinha de Casamento), que aparece na pele da perversa Úrsula pode não convencer a alguns e dar a impressão de uma atuação forçada, porque embora a vilã seja por si só caricata, não é necessário tanto maneirismo para passar a mensagem. A participação dela gera um conflito muito raso e rapidamente resolvido. Por outro lado, pela perspectiva de outros, o talento de McCarthy é páreo para o negócio. O pai de Ariel, o Rei Tritão, vivido pelo ator espanhol Javier Bardem (Mãe!, Onde Os Fracos Não Tem Vez e Vicky Cristina Barcelona), está muito confortável no papel, não faz tanta diferença. Entretanto, quando ele e Ariel finalmente se entendem, é até comovente, embora a cena se dê de forma mais ligeira.

                                                                             © 2022 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.
 Segundo Live-Action de princesas da Disney onde a protagonista é negra. O primeiro é ''Cinderella'', de 1997, estrelado pelas cantoras Brandy e Whitney Houston.

Halle e Jonah tem uma química muito fácil de sentir, sem forçar, e sem sexualizar a história. Ariel, afinal, é uma jovem cheia de sonhos e vontade de conhecer o mundo dos humanos, além disso, Eric é um humano que a faz querer provar para o pai que nem todos os humanos são monstros. Eric é tão prova de um mundo que Ariel quer fazer parte, quanto ela é prova de um mundo que Eric sabe que existe. Não o das lendas de maldições, mas um mundo de culturas diferentes. Os dois se envolvem quando Ariel - sem voz, devido ao trato com Úrsula, ganha pernas e aparece no povoado. Quando está com Ariel, o príncipe se sente menos inquieto, e chega a pensar que está chegando perto de um novo mundo. 

É aí que Úrsula se mete mais uma vez e se transforma em uma humana para clamar o papel da salvadora misteriosa de Eric. Já que ela está com a voz de Ariel. E afinal, o que é uma mulher sem voz no mundo? Ela pode conquistar o coração das pessoas, mas ela vai continuar sendo alguém em segundo plano. Ariel, além de uma sereia que quer conhecer os humanos e seu mundo cheio de cacarecos esquisitos, é uma jovem mulher com uma voz pronta para ser ouvida. Apesar de não ter quem a escute. Ariel está aqui para mostrar para quem a assiste, que não importam as circunstâncias, temos que lutar pela nossa voz. Pelos nossos sonhos. 

Então, mesmo que Úrsula seja um pouco insignificante, no todo, a adaptação não é nada ruim. Consegue entreter e divertir com seus números musicais e trazer uma mensagem da construção de um novo mundo, com um novo começo. Um lugar em que todas as criaturas diferentes podem conviver em harmonia. Um lar com muito a se explorar, pesquisar e compartilhar. 

Uma pena não ter desenvolvido mais sobre o mundo aquático e que as irmãs de Ariel tenham aparecido tão pouco. Ao final do filme, um povoado inteiro do fundo do mar se junta aos humanos para se despedir do casal que vai se aventurar pelo mundo para juntos, conhecerem tradições e histórias de todos os lugares. Um gesto para demonstrar para ambos que os mundos dos dois agora se tornaram um só e que eles estarão lá por eles.

Trailer
Ficha Técnica
Título original e ano: The Little Mermaid, 2023. Direção: Rob Marshall. Roteiro: David Magee — adaptação do conto de Hans Christian Andersen. Elenco: Halle Bailey, Jonah Hauer-King, Javier Bardem, Awkwafina, Jacob Tremblay, Daveed Diggs, Melissa McCarthy, Noma Dumezweni, Art Malik, Jessica Alexander. Gênero: Romance,Aventura, Live Action, Adaptação. Nacionalidade: Estados Unidos Da América. Trilha Sonora Original: Alan Menken. Fotografia: Dion Beebe. Edição: Wyatt Smith. DistribuidoraWalt Disney StudiosDuração: 02h15min.


O diretor Rob Marshall, é o mesmo de Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas. Inclusive, a trama de A Pequena Sereia, de 2023, se passa em águas próximas a uma ilha fictícia no Caribe, e a personagem de Bailey é latina. Diferente da Ariel do conto de Hans Christian Anderser, que muitos debatem qual sua origem, com muitos fatos apontando para o Mar Mediterrâneo, e da Ariel da animação de 1989, que pode-se dizer que é dinamarquesa. 

Com roteiro de David Magee (O Pior Vizinho do Mundo e Em Busca da Terra do Nunca) trilha sonora assinada por Alan Menken (Aladdin), incluindo novas faixas de Lin-Manuel Miranda (Em Um Bairro de Nova York, Hamilton), A Pequena Sereia é a pedida ideal para a família toda ir ao cinema esta semana.

HOJE NOS CINEMAS!

Escrito por Amanda Karolyne

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