Verão, de Kirill Serebrennikov


O palco: a Rússia cheia de censura de 1981. Um verão onde a cena rock se vê fervorosa e alimenta a alma da juventude no país. Mayk Naumenko tem seu trabalho por fora, mas não deixa de apresentar sua música quando pode. É para muitos um mentor e quando a dupla  liderada por Viktor  Tsoy (Teo Yoo) surge, ele toma essa posição na vida do músico e compositor. A esposa de Mayk, Natasha (Irina Starhenbaum) também se aproxima de Viktor e um triângulo amoroso floresce.

A produção esteve no Festival de Cannes, deste ano, e garantiu bons comentários. A ausência de cor do longa é incrementada por uma divertida inserção de cores e animações quando os diálogos deixam de ser falados para serem cantados. Aliás, neste momento, ouvimos clássicos dos Iggy Pop, Talking Heads, Debbie Harry e artistas dos anos 80 que surgiram na mesma época.

Dirigido por Kiril Serebrennikov, Verão é baseado nas memórias de Natalia Naumenko - aqui batizada de Natasha - com roteiro de Mikhail Idov,  Lili Idova, Ivan Kapitonov, e também Serebrennikov.

Trailer
 

FICHA TÉCNICA

Título Original: Leto. Direção: Kirill Serebrennikov. Roteiro: Mikhail Idov, Lili Idova, Ivan Kapinoto e Kirill Serebrennikov. Elenco: Teo Yoo, Irina Starshenbaum, Roman Bilyk Filip Avdeyev, Alexandr Bashirov, Nikita Efremov e Andrey Khodorchenkov. País: Rússia. Ano: 2018. Fotografia: Vladislav Opelyants. Edição: Yuri Karikh. Música: Roman Bilyk, German Osipov. Figurino: Tatyana Dolmatovskaya. Gênero: Drama, Musical, Biografia. Produção: Pavel Burya, Georgy Chumburidze. PB. Distribuição: Imovision. Duração: 126 minutos. Classificação: 14 anos
O rock soviético dos anos 80 refletia os sentimentos pessoais e todas as vontades de uma juventude que respirava paixão e escrevia sua vida com melodias potentes. Neste cenário, o músico Mayk era o líder de um grupo repleto de gente intrigante e questionadora. Juntos eles faziam muita farra nas praias e em saraus nas casas de amigos. O clube de rock da região, apesar de censurar e controlar o público, também era aberto  a bandas que engrandecessem o movimento e não demora muito uma dupla surge para incrementar a cena.  Viktor e o amigo se aproximam então de Mayk, Natasha, sua esposa, e todos a sua volta e ao apresentarem suas canções ganham a admiração de dezenas de pessoas.

Verão é um filme distinto. Insere carga dramática, comédia e música e não perde o ritmo. Endeusa um tempo em que a cena do rock era diversa e de qualidade. David Bowie, Mick Jagger, Bob Dylan, Echo & The Bunnymen, Lou Reed, Talking Heads, Iggy Pop, Velvet Undergroud, Sex Pistols, todos esses são citados e reverenciados de forma ímpar.

Retrata ainda as mazelas da juventude, os sonhos que muitos querem seguir e o fazem, porém sentem a pressão dos pais para que arrumem empregos de verdade e sustentem a família. Toca em temas como o suicídio de uma forma lírica e fala de como somos passageiros nesta vida arredia. Ao abordar um amor entre três pessoas tenta não entrar no campo sexual, mas sim intelectual e consegue agradar ainda mais por esta escolha - ainda que aqui e ali configure a mulher como a vilã da situação.

As cenas em que o longa vira um musical traz personagens extras cantarolando as canções e ouvimos e assistimos uma leva de vozes distintas. Além das interpretações afiadas dos protagonistas para as músicas (escute a trilha aqui). É hilário ainda que para algumas destas cenas se usa um contexto mais metafórico, pois elas não ocorrem em si. São meros pensamentos dos personagens.


Essa celebração do rock vem com estilo e um figurino oitentista onde os mullets tinham vez e amplificavam a voz de crianças revolucionárias.

Kirill Serebrennikov faz uma condução que usa e abusa da poesia cinematográfica e agrada. Dono de uma filmografia diversa, o diretor já trabalhou em series e seu mais recente filme, 'O Estudante' (2016) foi nomeado a vinte e cinco prêmios e ganhador de quinze.

Cena em que o elenco canta 'Passenger' de Iggy Pop

 

Se você curte rock, poesia, e a mistura disso tudo com cinema, este filme vai te encantar e fazer você cantar.

Avaliação: Três bandas de rock vivendo um amor regado a liberdade (3/5).
15 de novembro nos Cinemas!
See Ya!

B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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