Rebecca [2020] | Assista na NETFLIX

Rebecca - A Mulher Inesquecível traz a história de uma jovem órfã e inocente (Lily James) que passa seus dias como dama de companhia. A dama em questão é a senhora desbocada Van Hopper (Ann Dowd). Elas estão em um hotel chic em Monte Carlo, Mônaco, quando a senhora Van Hopper percebe que o viúvo mais cobiçado da europa, Maxim de Winter (Armie Harmer), está hospedado no mesmo hotel. Solicita então a menina que tente fazê-los sentarem próximos durante o jantar, mas esta não consegue e por uma coincidência até acaba conhecendo o sr. de Winter. Com a passagem dos dias, a senhora Van Hopper cai adoentada e a jovem começa então a passar as tardes na companhia de Maxim e não demora muito os dois se apaixonam. Quando a senhora Van Hopper melhora, decide voltar a Nova York e sua dama de compahia se desespera. O senhor De Winter, logo que descobre o que está por acontecer, informa que eles irão se casar e que a moça não será mais dama de companhia. Após a lua de mel, os dois se dirigem a super mega mansão dele, Manderlay, e por lá a jovem e, agora senhora de Winter, passa a conviver com o fantasma da ex do marido, Rebecca, e também uma governanta odiosa, a senhorita Danvers (Kristin Scott Thomas). 

A produção conta com direção de Ben Wheatley e relê para as novas gerações a mesma trama adaptada por Alfred Hitchcock em 1940, a partir do livro de Daphne du Marier (ver aqui). Lilly James, Armie Harmer, Kristin Scott Thomas, Sam Riley e muitos outros estão no elenco.

Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: Rebbeca, 2020. Direção: Ben Wheatley. Roteiro:  Jane Goldman, Joe Shrapnel, Anna Waterhouse adaptado a partir do livro de Daphne Du Maurier. Elenco: Lily James, Armie Harmes, Dame Kristin Scott Thomas, Sam Riley, Ann Dowd, Tom Goodman-Hill, Bryony Miller, Kevin Nolan, Keeley Rawes. Gênero: Thriller, Drama, Romance. Nacionalidade: Reino Unido. Trilha Sonora Original: Clint Mansell. FotografiaLaurie Rose. EdiçãoJonathan Amos. FigurinoJulian DayDesign de ProduçãoSarah Greenwood. Disponível a partir do dia 21/10 na NETFLIX BRASIL. Duração: 02h01m.

O filme de 1940 foi o primeiro de Hitchcock já em Hollywood. O diretor teve inúmeras encrencas com o produtor David O. Selznick e isto se deve ao fato de que David estabeleceu exigências de trabalho. Entre elas, a de escolha do ator protagonista e até mesmo alterações e controle do roteiro. Neste aqui não temos tantas polêmicas, a não ser a questão de que muitos se perguntam do porquê ter outra versão do enredo. Bem, a resposta é clara como citado anteriormente, pode ser bom para levar a trama a outras gerações que muitas vezes não vão, de livre e espontanêa vontade, procurar a primeira adaptação.

Bem, esta releitura levanta pontos que a primeira não conseguiu. Obviamente porquê vivemos outra era e também há a questão das alterações que Hitchcock fez para que o espectador tivesse uma concepção bem construida da estória. Assim, se outrora vimos àquela com olhar mais romantizado, ainda que contenha todo o suspense por trás, esta aqui se faz como um baita exemplo de relações tóxicas e abusivas.

Rebecca, a personagem do título do filme, não aparece em nenhum momento. A falecida é tida como alguém que sempre fez tudo o que quis em seu casamento e possuia controle total do marido já que este não queria manchar sua honra ao se separar dela. Se por um lado alguns tem uma visão feminista da personagem por causa de sua ''liberdade'', vale lembrar que a mesma não existe já que ela precisou casar para conquistar isto. Logo, o que se lê como um poder que ela soube conquistar e manter, na prática significa que o que ela não quis foi se deixar controlar pelo marido. Assim, mesmo que Rebbeca rompa com um modelo de ''recatada e do lar'', ela se alia e vive dele, pois constrói a imagem de que tudo que faz é para ser idolatrada pelo marido e por todos a sua volta. O caminhar da história também responde muito bem essa idéia incompleta da personagem que alguns tem. 

Outra personagem fenomenal na trama é a governanta. Assustadora e amississima de Rebecca, a senhora Danvers não deixa que pisem no legado da dona da casa. Se Thomas é manipuladora, meticulosa e geniosa, sua interpretação condiz e nos faz lembrar da Dama Judith Anderson quase que fantasmagórica no longa anterior. A segunda esposa, a senhora de Winter, nos faz pensar em como toda a relação em que ela se enfia é altamente tóxica. Afinal, ela inicia sua jornada sendo maltratada por sua 'chefe' e na sequência se casa e vai viver com alguém de indole suspeita. Na verdade, quando esta chega a mansão parece uma barata tonta e é invenenada diariamente pela governanta sobre o quão espetacular a ex dona da casa era. Só toma as rédeas da vida quando seu esposo finalmente se abre com ela sobre o que aconteceu a Rebecca. Neste momento a audiência pode esperar qualquer coisa, mas o óbvio acontece. Maxim é daqueles personagens encantadores e que sim tem culpa no cartório (se você assistiu a série documental do Ted Bundy, também disponível na NETFLIX, entendeu o recado).

Observe que 'a segunda esposa', personagem de James, não ganha nome além do sobrenome do marido, o mesmo vale para a outra adaptação e também para o livro. Característica muito clara que reflete como a autora não era nem um pouco feminista.*  Hitch altera algo muito importante no roteiro de seu filme que este aqui não o faz. Naquele é Maxim que se defende e busca provas sobre acusações que sofre em relação a morte de Rebecca, já neste, assistimos sua segunda esposa fazer de um tudo para o defender. Também se ameniza muito o quão abusivo o personagem é na outra versão. Nesta, contudo, ele não 'ordena' tanto sua segunda esposa a fazer coisas. Aqui temos um roteiro adaptado por três mãos femininas, Jane Goldman, Joe Shrapnel e Anna Waterhouse e talvez até 5% mais fiel ao livro que o longa dos anos 40.



As atuações de Armie Hammer, o marido, e de Sam Riley, o primo e suposto amante de Rebecca, são ultra, mega poderosas e vem no embalo da atriz Kristin Scott Thomas. Lily James foi o casting perfeito pela carinha de boba alegre que sempre sabe entregar nos filmes que participa. Realmente, não teria escolha melhor. O papel, inclusive, causou traumas na também mega adeaquada Joan Fontaine quando participou do filme de Hitch. O diretor, fomentando a rixa que o ator Laurence Olivier tinha a ela estar no filme e não sua namorada, Vivien Leigh, disse que todos no set a odiavam e esta com sua timidez conseguiu passar na tela exatamente a mensagem que ele queria. Para quem viu a série Handmaid's Tale, logo vai perceber que a senhora Van Hopper é a mesma atriz que interpreta a conservadora 'Tia Lidia''.

O filme tem ambientações belissimas e aqui temos uma mansão real e não uma maquete, além das cenas de carro que diferem muuito das gravações dos tempos antigos. O figurino clássico respeita a época e não há ninguém em cena mal vestido, pelo contrário. Aliás, os trajes mais espetaculares nem chegam a ser das mulheres, mas dos homens vide o personagem de Sam Riley, Jack Favell. 

Se o longa de 1940 tem extrema importância para a história do cinema mundial, não há mesmo o que se comparar, contudo se aquele contrói uma atmosfera de suspense e mistério intocáveis, este aqui vem para jogar em nossas faces como nossas relações atualmente aparentam serem ótimas,  quando, na verdade, são tóxicas.

Avaliação: Três lingeries pretas (3/5)

O filme é a grande estréia desta semana na plataforma da Netflix (clique aqui)

See Ya!

B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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