Power Rangers


Em 1993, muitos de vocês não eram nascidos ainda (e se eram, sequer sabiam se alimentar sozinhos). Naquele ano, o tempo matinal da criançada era preenchido por comer, fazer o dever de casa e, claro, assistir ao episódio diário da série televisiva ''Mighty Morphin Power Rangers'' aka Power Rangers. O Show, produzido por Haim Saban, mesmo compositor de Dragon Ball Z e She-ra: Princesa do Poder, tinha claras referências aos heróis de décadas passadas (Changeman, Jaspion e Spectreman) e trazia cinco jovens lutando para defender a terra das vilanias da poderosa Rita Repulsa. O grupo contava também com a ajuda de seu mentor Zordon e do robô falante Alpha 5. 

Ao longo dos anos, os Power Rangers ganharam inúmeras temporadas, foram parar nas telonas duas vezes com ''Power Rangers: O Filme'' (1995) e ''Turbo - Power Rangers 2'' (1997). Mas a confirmação desse sucesso só veio mesmo quando eles foram tema de uma canção (ver aqui) gravada pela maior dupla da música pop que este pais já viu, Sandy & Júnior. (Haja coração, Arlindo.)

20 anos depois do último longa, chega então aos cinemas o reboot da saga dos Rangers. Um filme origem que estréia tendo que elevar o nível. Afinal, esta é a época em que os grande estúdios estão investindo pesado na adaptação de heróis dos quadrinhos. 

Com direção de Dean Israelite e roteiro de John Gatins, Power Rangers vem com a seguinte escalação no campo: os rostinhos conhecidos de Bill Hader, Bryan Cranston e Elizabeth Banks e as carnes frescas Becky G, Naomi Scott, Rj Cyler, Ludi Lin e Dacre Montgomery,

O longa faz seu debut nacional hoje (23).
Trailer


A produção se inicia com ótima cenas mostrando a origem real dos Power Rangers há 65 milhões de anos atrás. Dali o espectador é levado ao futuro onde dois jovens, Jason (Montgomery) e um amigo, tentam realizar uma travessura escolar na pacata cidade de Alameda dos Anjos. Obviamente que os planos dos garotos dão errado e como punição deverão cumprir detenção aos sábados. Com o ocorrido, Jason perde a chance de jogar futebol no time da escola e desperta a fúria do pai. Durante o período que precisa frequentar a escola nos fins de semana, o rapaz conhece Billy (Ryler), um nerd que está precisando de companhia para realizar um experimento em um local mais afastado da cidade e em troca pode emprestar a van da mãe, sem ela saber, claro. Eles seguem para o local e quando o nerd consegue realizar sua meta acaba atraindo a atenção de outros três adolescentes ali perto, a descolada Kimberly (Scott), o tranquilão Zack (Lin) e a novata na escola Trini (Becky G.). 


Os cinco encontram um tipo diferente de moeda colorida e descobrem que foram escolhidos para se tornarem defensores da terra e de seus poderes ocultos. Contudo, devem superar seus problemas pessoais para conseguirem trabalhar em equipe e combaterem estranhos ataques a sua cidade natal.


Não espere ver os detalhes apresentados na série de tevê Power Rangers (1993)

O roteiro escolhe um caminho explicativo. Faz introduções, constrói uma atmosfera bacana e mostra o que todos querem ver aos poucos. Na verdade, se desenvolve com uma única premissa: a transformação de cinco jovens em verdadeiros guerreiros. Para um filme de origem, ele traz elementos simples e que contextualizam a jornada dos personagens dando espaço para cada um, todavia, por bater muito em uma tecla só, pode alavancar sentimentos distintos no público.

Há uma sutil referência a ''Clube dos Cinco'' que faz os rangers ganharem um tom de desajustados. Também vemos o filme se perguntar se está no mesmo patamar que um 'hero-flick', além de matar o espectador de rir por inserir uma cutucada na franquia de robôs aliens ''Transformers''. A aventura ainda tenta abordar os dramas pessoais de cada um falando de autismo, homossexualidade, bullying e responsabilidades. Nada muito raso e nem muito profundo também. Faz algo interessante ao mostrar que nenhum dos rangers nasceu sabendo qual é o seu papel e isto também traz cenas engraçadas.

Elizabeth Banks como a vilã repaginada Rita Repulsa
O tom de tevê é totalmente nulo aqui. Vemos e temos cinema. A condução é muito natural e prefere trabalhar passo-a-passo a fórmula de filmes do gênero e se sai melhor do que o esperado. As grandes tomadas da produção não lembram nem de longe as cenas toscas da série, mas conseguem trazer a essência daquela e deixar o tom nostálgico aflorar. Ângulos tortos e câmeras rápidas podem confundir nas cenas de ação, mas logo se entende o porquê.

Não há um grande destaque no elenco principal, Diria que todos estão muito bem no que lhes é solicitado. Montgomery consegue emplacar o drama de ser um líder e tem uma semelhança incrível ao falecido ator Paul Walker, Scott encarna a ranger mais famosa do universo, a rosa, e também ganha toques dramáticos importantes. Seu primeiro encontro em tela com Becky G. lembra bem a não simpatia que algumas mulheres tem às outras, mas elas não demoram a se ganhar em tela. A ranger amarela vem com um tom de desajustada novo a qualquer power ranger e como os rangers de Ryler e Lin tem relevância para a diversidade nos cinemas. Todos tem o mesmo nome original dos rangers da série, mas há uma brincadeira legal entre o azul e o preto que ganha destaque. A vilã do filme, interpretada por Elizabeth Banks, não tem a escolha teatral boba da série. Vem com objetivos parecidos, mas cercada de elementos diferentes. Escolhe ser mais fatal, mais poderosa e ligada aos rangers de outra forma. O fofinho robô Alpha 5 também perde o tom infantil e com a voz e a performance de Bill Hader amadurece bem. Zordon, vivido por Bryan Cranston, segue uma linha diferente até metade do filme, mas por fim chega a um bom lugar. Aliás, o ator, em seu inicio de carreira, chegou a dublar vozes para a série original e há uma leve homenagem à ele por lá, pois o primeiro Power Ranger azul tem o mesmo sobrenome que Bryan. 


A fotografia de Lloyd consegue mostrar bons contrastes e o figurino de Jones é mais sutil em mostrar ''a cor'' de cada ranger. Os designs das armaduras vem pela primeira vez mais encorpados e não tem tanta semelhança as vestes de Spandex da primeira temporada da série.

A trilha sonora é de Brian Tyler e durante o filme ainda escutamos uma seleção interessante de canções que listam The Raincounters, Destiny's Child, Bootstraps e Kanye West, além do tema original remixado (Go Go Power Rangers). 

Pra quem tem interesse, o site de streaming TWITCH está com todos os 831 episódios da série online (ver aqui) desde o dia 14 e com previsão de disponibilidade até o dia 31 de março. Quem for ver, inclusive, vai se lembrar que os clássicos personagens bobalhões Bulk e Skull foram esquecidos no filme.

Ah, e tem cameo de dois dos rangers mais adorados aqui. Espere e confira!
Ficha Técnica: Saban's Power Rangers, 2017. Direção: Dean Israelite. Roteiro: John Gatins com argumentos de Matt Sazama, Burk Sharpless, Michele Mulroney e Kieram Mulroney - baseado na produção original criada por Haim Saban e Shuki Levy. Elenco: Bryan Cranston, Elizabeth Banks, Becky G, Naomi Scott, Rj Cyler, Ludi Lin, Dacre Montgomery, Bill Hader, David Denman, Fiona Fu, Patrick Sabongui. Gênero: Aventura, Ação. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Brian TylerFigurino: Kelli Jones. Fotografia: Matthew J. Lloyd. Edição: Martin Bernfeld e Dody Dorn. Efeitos Especiais: Andrew Durno. Distribuidora: Paris Filmes Pictures. Duração: 02h04min.
Com cara de cinema, Power Rangers é sim uma big produção competente. Traz diversão, nostalgia e se adequa ao mundo contemporâneo. E, com a cena pós-crédito, entende-se que há a intenção de fazer mais filmes desse universo.

Avaliação:  Três arco-iris reluzentes (3/5).

Classificação indicativa: 10 anos
Hoje nos cinemas!

See Ya!


B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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