A Boa Esposa | Assista nos Cinemas

Paulette Van Der Beck (Juliette Binoche) inicia o filme a espera de sua nova turma no Instituto que leva seu sobrenome, uma escola que prepara garotas adolescentes para serem boas esposas e mães. As aulas incluem: cozinhar, passar, costurar, moral e bons costumes. O problema já surge assim que as novas “recrutas” chegam e Paulette percebe que são 15 a menos que no ano anterior. A freira Marie-Therese (Noémie Lvovsky), que compõe o quadro de professoras, confirma o medo da ruína da escola ao avisar à diretora Paulette que entre as novatas consta uma ruiva. Uma ruiva! Para a freira, o prenúncio da ruína.


Na verdade, o filme inteiro se volta para a ruína não apenas do Instituto, mas dos próprios costumes que são ensinados em tais escolas para garotas. O filme se inicia com um letreiro contando que já chegou a existir mais de mil instituições como a Van Der Beck pela França, mas as mudanças estavam prestes a chegar com os protestos estudantis de Maio de 1968 que balançaram o país para sempre. Portanto, toda a narrativa posiciona a estrutura dessas escolas – e a estrutura patriarcal, por consequência – como antiquadas e ridículas. 


Seguimos então através desse sentimento de ridículo e o diretor se apropria disso para dar um tom leve a tudo, mesmo passando por situações, que se levadas a sério, seriam tensas. Essa leveza pode facilitar a entrega do discurso feminista ao qual o filme se interessa, mas também o limita já que quase todas as questões apresentadas acabam soando simplistas. Mesmo momentos que funcionariam com a sutiliza do gesto, como Paulette experimentando uma calça, têm pouco impacto (ou pelo menos, um impacto menor do que o roteiro apontava).

Trailer

Ficha Técnica

Título original e ano: La Bonne Èpouse,2020. Direção: Martin Provost. Roteiro: Martin Provost e Séverine Werba. Elenco: Juliette Binoche, Yolande Moreau, Noémie Lvovsky, Edouard Baer, François Berléand, Clémence Blondeau. Gênero: Comédia. Nacionalidade: França. Trilha Sonora Original: Grégoire Hetzel. Fotografia: Guillaume Schiffman. Distribuição: Califórnia Filmes. Duração: 109 min  

O longa então segue nesse ritmo de 'quase lá'. Tanto em termos de discurso, quanto em desenvolvimento de personagens. Nem as professoras, nem as alunas têm espaço para desenvolverem suas tramas, mesmo que haja tentativa para isso. O roteiro tenta entregar essas tramas paralelas à principal, de Paulette, mas todas são apenas mostradas de vez em quando e se resolvem como podem. 


A Boa Esposa é um filme leve e sem muitas pretensões. Não tenta fingir que tem respostas complexas sobre assuntos sérios, o que pode agradar ou incomodar na mesma medida. Ao entregar o que promete, o filme de Martin Provost decide por mostrar o ridículo dos costumes franceses (e do mundo ocidental) de 50 anos atrás e imagino que faça isso na esperança de que os costumes de hoje sejam vistos da mesma forma no futuro.


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Escrito por Marisa Arraes

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