Assista este sábado, a partir das 19 horas, na plataforma É Tudo Verdade Play (link diretoaqui)
COMPETIÇÃO INTERNACIONAL DE LONGAS
Vladimir Putin é uma das personalidades políticas mais controversas do mundo. Presidente da Rússia há mais de 20 anos (com um pequeno hiato entre 2008 e 2012, mas mantendo sua influência como Primeiro-Ministro), Putin é conhecido por sua postura autoritária e nacionalista. Exalta opiniões conservadoras em seus discursos e trata a oposição a seu governo como traidores da pátria e ameaças em potencial. Tal fama é enfatizada pelas frequentes perseguições e prisões de adversários políticos do líder do Kremlin, o que inclui atentados e até mesmo mortes misteriosas de desafetos de Putin. Um dos casos mais emblemáticos é protagonizado por Alexei Navalny, opositor notório de Putin e famoso por usar do bom humor e de sua influência na Internet para criticar a gestão do atual presidente e expor casos de corrupção envolvendo as estatais russas. Em 2020, Navalny ficou gravemente doente durante uma viagem de avião e foi levado para a Alemanha, onde descobriu-se que ele havia sido envenenado. Apesar do estado crítico, Navalny sobreviveu e, junto de sua equipe, passou a investigar o atentado que quase o matou, a fim de provar o envolvimento do governo.
Navalny é protagonista, também, do documentário do cineasta Daniel Roher que conta as aventuras e desventuras deste peculiar personagem e como a perseguição que sofre por Putin simboliza a crise democrática instaurada na Rússia há pelo menos duas décadas. O longa não esconde sua admiração por personagem central. De início, pode soar quase forçado, uma peça publicitária de autopromoção que tenta transformar o homem numa espécie de salvador, um mártir disposto a se sacrificar pelo bem maior. Mas o filme de Roher logo mostra não estar muito disposto a endeusar seu protagonista. Pelo contrário, até mesmo questiona o envolvimento do próprio Navalny com grupos extremistas e ultranacionalistas (algo que ele simplesmente considera um “mal necessário” para fazer oposição a Putin atingindo todos os grupos da sociedade russa). Mostrando-o como um ser contraditório e complexo, enriquece o universo retratado e aumenta a tensão da história contada.
O filme é tão interessante quanto quem o protagoniza. E Navalny, sem dúvida, é uma persona fascinante. Irônico e sem papas na língua, trata a Política e o Jornalismo com a mesma conduta despojada com que joga Call of Duty na tela de seu celular para se distrair. Não se trata de um politico radical que usa palavras difíceis ou discursos inflamados, é um homem simpático e bonachão que parece mais preocupado em conseguir se comunicar com as pessoas do que em ser levado a sério. O diretor usa desse carisma para conquistar o público e tornar esta história de perseguição política em algo divertido e, dentro do possível, leve. Não faltam momentos que exemplifiquem como os métodos de Navalny e sua presença na Internet, que combina denúncia política e memes divertidos, conquista seguidores para sua causa (e, obviamente, também para seus perfis nas redes sociais).
Ficha Técnica
Título original e ano: Navalny, 2022. Direção: Daniel Roher. Aparições de: Alexei Navalny, Yulia Navalnaya, Dasha Navalnaya, Zakhar Navalny, Mariya Pevchikh, Christo Grozev, Leonid Volkov, Kira Yarmysh, Georgy Alburov, Anna Biryukova. Gênero: Documentário. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Marius De Vries e Matt Robertson. Fotografia: Niki Waltl. Edição: Maya Hawke. e Langdon Page. Duração: 01h38min.
Apesar do longa se tratar de um documentário, se fosse necessário categoriza-lo dentro de um outro gênero cinematográfico, esta não seria uma tarefa fácil. Um thriller político com ares cômicos? Uma dramédia de suspense? Um drama familiar de espionagem? Ainda mais se tratando dos momentos absurdos vividos pelo líder da oposição russa, chega a ser difícil se lembrar que nada disso é ficção. Uma cena, em específico, se sobressai. Nela, Navalny confronta por telefone homens supostamente envolvidos na tentativa de seu assassinato. Um a um, eles desligam a ligação ao perceberem a emboscada. Até que Navalny passa um trote para um deles, fingindo ser um agente preenchendo um relatório que reflete o porquê do atentado ter dado errado. E o homem, um químico que trabalha para um laboratório do governo, morde a isca e assume não apenas seu envolvimento, mas também o do próprio governo russo! O momento surreal garante boas risadas de catarse, mas também é assustador devido à naturalidade do homem em falar do plano que visava matar Navalny e só não foi bem-sucedido devido ao tratamento oferecido pelo hospital na Alemanha. Coisa de Cinema. Mais assustador ainda é saber que nunca mais se ouviu falar do tal químico após o vazamento da entrevista, apesar das tentativas de Navalny e de sua equipe em contatá-lo para oferecer a ele asilo político em outro país.
A exibição do longa no Festival Sundance de Cinema precedeu em 1 mês os ataques da Rússia à Ucrânia. Agora, Navalny é exibido na 27º edição do Festival Internacional de Documentários, o É Tudo Verdade 2022, 1 mês depois do início do conflito. O timing irônico aumenta o grau de urgência do filme e torna ainda mais revoltante o tom de impunidade. O agridoce terceiro ato traz uma conclusão triste, mas inesperadamente esperançosa. Navalny não é exatamente um herói, mas simboliza o movimento por mudança que não poderia ser mais atual.
Vinheta do É Tudo Verdade
27º Festival Internacional de Documentários
Serviço:
Os filmes ficam disponíveis até o limite de visionamentos ou 24 horas.
COMO ASSISTIR AOS FILMES:
É TUDO VERDADE PLAY 1. Entre no site www.etudoverdadeplay.com.br e faça seu cadastro. 2. Depois de realizar o login é só clicar no filme selecionado. 3. Aperte o play e boa sessão!
A Plataforma Sesc Digital abrigará a Competição Internacional de Curtas-Metragens de 01 a 05 de abril. Com limite de 2000 visionamentos por título, exceto “Como se mede um ano?” 1000 visionamentos.
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