X-Men: Fênix Negra


Treze anos depois de X-Men: O Confronto Final, a franquia volta a explorar a saga da  mutante Jean Grey/Fênix no cinema e a retomada revela a tendência de reboots e remakes serem cada vez menos espaçados de seus originais. O que sempre me questiono enquanto espectadora é: que aspectos diferentes o filme traz para justificar uma nova versão?

Pra começar, em X-Men: Fênix Negra, Sophie Turner vive uma personagem que é protagonista de sua história. Ao invés de ser apresentada como vilã, a mutante guia o filme sob o seu olhar. São as suas dores e preocupações que acompanhamos de perto enquanto a entidade alienígena Fênix toma conta de seu corpo e seus poderes. Além disso, o desfecho e suas consequências para o universo x-men são bastante distantes do que é apresentado na versão de 2006 dirigida por Brett Ratner.

Um dos tópicos mais interessantes do filme é quando assistimos um Professor Xavier extrapolar o arquétipo do mestre sábio e mostrar que tem falhas, um enorme ego e vários tons de cinza, talvez uma deixa para o excelente 'Logan', de 2017. James McAvoy dá continuidade ao belo trabalho que começou em X-Men Firstclass (2011) e o elenco recheado de grandes nomes de Hollywood, entre eles, Jéssica Chastain, Michael Fassbender, Evan Peters, Nicholas Hoult, Jenifer Lawrence, e etc, ajudam em muito a apreciação da obra.


Infelizmente não podemos seguir com os elogios. O longa não é capaz de transmitir à audiência as emoções da personagem-título com intensidade o suficiente para justificar seu descontrole ou para provar tamanho sofrimento. A escolha por uma linguagem mais subjetiva teria resolvido muito bem esta questão, mas o diretor, Simon Kinberg, adota um olhar mais pragmático típico de filmes genéricos de ação.

A despeito do restante das atuações, Tye Sheridan entrega um Scott Summers fraquíssimo. Mas perdoemos o rapaz, já que o roteiro não é consistente. Temos em Ciclope um dos personagens mais rasos. E isto afeta consideravelmente a qualidade do filme, visto que não acreditamos nele e em Jean Grey como casal. A química entre os dois é nula.


Mas o pior do roteiro é o arco do personagem de Fera (Hoult). Sua motivação para procurar Magneto (Fassbender) e seguir com ele determinado plano não faz sentido algum, principalmente quando levamos em conta a inteligência e sensibilidade do cientista e o fato de que seu desejo vai de encontro a tudo que ele e a pessoa que ama defendem e acreditam. Para piorar, o gatilho usado para que a dupla mude de ideia é pífio.


Não obstante, nos quesitos técnicos, a decepção continua. Apesar de algumas boas sequências de ação, temos uma direção insossa com enquadramentos eficientes, mas que pouco engajam ou surpreendem. O 3D, que acabou virando padrão de filmes de heróis, é absolutamente desnecessário. Até Hans Zimmer falha e entrega uma trilha sonora que é de longe um de seus trabalhos mais apáticos.

E mesmo com tantos defeitos, este ainda é um resultado melhor que a primeira tentativa da Fox em contar a história da entidade denominada Fênix. O desfecho faz algumas homenagens aos dois primeiros filmes da franquia e realmente consagra Charles Xavier e Magneto como aqueles personagens que conhecemos na pele de Ian McKellen e Patrick Stewart.

O final aponta mudanças drásticas na vida dos alunos de Xavier que nunca vimos antes em um filme da saga. Agora é torcer para que a Disney as mantenha, quando inevitavelmente jogar na tela seu novo redesenho de heróis, um que deve sim incluir os X-Men.

Trailer


Ficha Técnica

Título original e ano: Dark Phoenix, 2019. Direção: Simon Kinberg. Roteiro: Simon Kinberg - adaptado da HQ criada por Stan Lee e Jack Kirby e também da história 'A Saga da Fênix Negra de John Byrne, Chris Claremont e Dave Cockrum. Elenco: Jennifer Lawrence, Michael Fassebender, Sophie Turner, James McAvoy, Jessica Chastain, Nicholas Hoult Tye Sheridan, Alexandra Shipp, Kodi Smit-Mcphee, Ato Essandoh Evan Peters, Scott Shepherd, Summers Fontana, Kota Eberhardt, Andrew Stehlin. Gênero: Ação, Aventura, Scifi. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Hans Zimmer. Edição: Lee Smith.Fotografia: Mauro Fiore. Design de Produção: Claude Paré. Distribuição: Fox Film do Brasil, 20th Century Fox. Duração: 01h53min.

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Escrito por Luana Rosa

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