Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa


Harleen Frances Quinzel, ou melhor Arlequina (tradução para Harley Quinn), chegou ao mundo cinematográfico, interpretada pela atriz de sucesso Margot Robbie, lá em 2016, no zoado 'Esquadrão Suicida' (ler comentários aqui). A vilã, criada por Paul Dini e Bruce Timm, apareceu pela primeira vez na série animada do homem morcego (1992) com motivação e razão de existência clara: ser o bibelô do arqui-inimigo do protagonista, Coringa. Desde então muitas e muitas versões da personagem foram surgindo e ela pôde ser vista figurando video-games, séries de tv e filmes de animação.

Com caráter esquizofrênico e roupas sensuais, a anti-heroína e ex-psicologa de seu 'pudimzinho' ganha agora um filme só seu e em live-action com a reprise de Robbie no papel. A produção, considerada um possível start de trilogia, vem com a direção de Cathy Yan e roteiro de Christina Hodson.


Na trama, o 'relacionamento' de Arlequina (Robbie) e Coringa chega ao fim e a moça, em um primeiro momento, não aceita muito bem e decide fingir que nada aconteceu - muito por apego e outrora por conta da proteção que Coringa mantinha sobre ela. Mas não demora muito e todos ficam sabendo que eles não são mais uma dupla e Arlequina começa a ter que se virar para escapar das mãos dos bandidos e quaisquer pessoa na face da terra que tenha atormentado. O chefão de Gotham no momento, Roman Sionis/Máscara Negra (Ewan McGregor) é um dos primeiros a querer a cabeça de Quinn, mas assim que este e seu comparsa, Victor Zsasz (Chris Messina), põem as mãos nela, esta arruma uma maneira para tentar escapar. 


Arlequina fica sabendo que Sionis está a procura de um diamante perdido e faz um desafio aos dois que consegue recupera-lo e assim eles a deixariam em paz e vice-versa. O que ela mal sabe é que uma pequena ladra chamada Cassandra Cain (Ella Jay Basco) está com a pedra e pode não ser que em um lugar muito acessível, já que a menina foi levada pela polícia e esta aguardando ajuda na cadeia. Harley precisa então invadir o lugar, pegar a garota e o diamante, além de fugir de todos que já a estão perseguindo.

As duas se encontram e logo, logo, por necessidade, também vão precisar da auxilio da cantora e motorista de Saonis, Dinah Lance/Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell), da orfã vingativa Helena Bertinelli/Caçadora (Mary Elizabeth Winstead) e da policial suspensa Renee Montoya (Rosie Perez) para fugir de uma cambada de comparsas do Máscara Negra e do próprio.

Apesar do enredo ser simples, a narrativa caminha de um jeito caótico, contudo, leve em conta que a protagonista tem a mente da mesma forma, e a escolha de tornar o filme assim, fará sentido. Bem, Quinn é extremamente cômica, abusa de um lado sexy seu, mas não deixa de ser infantil e boba como esperado. Ela mesma narra alguns dos acontecimentos aqui - como um pouco da sua infância e a jornada até o momento em que se separou do Sr. C, como carinhosamente chama Coringa. Para tal ação, usa-se animação, cenas de flashback e por ai vai. Claro, há uma leve quebra da quarta parede e tal opção se encaixa bem na produção, porém, rola um pouquinho de exagero quando Arlequina tem de explicar detalhadamente o background de todas as outras personagens que se aliam à ela - se prepare para inúmeros momentos de volta no tempo - talvez, de certa forma, uma ferramenta que peça ao espectador para manter o foco em Harley, mas não exatamente realizada com maestria. O resultado pode chegar a incomodar sim.

No entanto, o filme consegue sair do problema e resolver seus conflitos de forma consistente. Sim, haverá conveniências e o legal aqui é que o próprio fará disso algo engraçado - se atente a cena em que Harley 'troca de sapatos'. 

Outro momento muito digno são os das referências não só aos quadrinhos, quando ela adota uma hiena, anda de patins na hyppada competição ''Roller Derby'' ou também quando usa adereços incríveis para botar seus planos em prática. Fora os sonhos que evocam o aclamado filme de Marilyn Monroe ''Os Homens Preferem As Loiras'' (1953).

As cenas de lutas estão tão bem coreografadas que o trabalho de Margot e suas dublês está em sintonia. E quando a moça está nos patins é outro show a parte! (Bem, ela interpretou Tonya Harding então já era esperado).

Os fãs das HQs vão perceber a baita mistureba que fizeram no longa - juntar vilões e heróis de uma mesma série e etc e tal. Talvez odeiem a idéia, mas talvez acreditem na força da trama como entretenimento.

Em tese, não soa forçado ''o girl power'' que começa aparecer sorrateiramente e logo toma conta da da produção. Isto porquê jogam-se detalhes que muito diz da causa feminista lutando por mais respeito no mundo. E quando se para pensar percebe-se que Harlequina vivia em um relacionamento abusivo e não queria sair dele - não enxergava que precisava. Quando tem sua então emancipação daquele é perseguida por todos aqueles que a detestavam, em grande maioria, homens. É inocente dos crimes que cometeu? não. Afinal, atormentou uma cidade inteira com seu pudimzinho. Ainda assim, quando se junta as #AvesdeRapina, que tem formação diferente aqui já que a Batgirl não aparece no filme, cria uma aliança de defesa 'momentânea' - e que nos quadrinhos se dá de uma forma bem distinta - onde todas entendem que devem trabalhar juntas para se proteger ainda que não concordem com a escolha de vida de cada uma ali. 

As atuações são a força do filme e o destaque na certa é para a atriz Margot Robbie, mas também Jurnee e Ella. As três fazem valer seus papéis. Margot faz um sotaque à la personagens mafiosos que se encaixa muito com Quinn. Jurnee tem personalidade e Ella é de uma doçura que encanta. Ewan e Chris encarnam vilões sem limites e com sede de sangue. Sionis vem com um detalhe de figurino 'ousado' e amante de arte. Já Zsasz é assombroso e lunático.

Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa traz piadas e mais piadas, uma lista de músicas marcada por bandas femininas e cantoras (Joan Jett, Heart, The Three Degrees, Patsy Cline, Kesha e etc), uma trilha sonora não tão presente, mas um design de produção de encher os olhos. Cenários e tudo o mais de uma grandiosidade que só os estúdios Warner conseguem muitas vezes apresentar. Fora esse figurino coloridíssimo e digno de passarelas.

Bem, para quem esperava algo muito bem desenvolto e uma super construção de personagens, não é aqui que verá isso, mas aos que querem se divertir com uma pipoca do universo estendido da DC talvez seja uma boa escolha no leque de estreias. 

Trailer


Ficha Técnica
Título original e ano: Birds of Prey: And The Fabulous Emancipation Of Harley Quinn, 2020. Direção: Cathy Yan. Roteiro: Christina Hodson. Elenco: Margot Robbie, Rosie Perez, Mary Elizabeth Winstead, Ewan McGregor, Ella Jay Basco, Chris Messina, Ali Wong, David Ury, Daniel Bernhardt, François Keo, Dana Lee e Jurnee Smollett-Bell. Nacionalidade: Eua. Gênero: Ação, Aventura, Crime. Trilha Sonora Original: Daniel Pemberton. Fotografia: Matthew Labatique. Edição: Jay Cassidye Evan Schiff. Direção de arte: Kasra Farahani e Julien Pougnier. Figurino: Erin Benach.  Distribuição:Warner Bros Pictures. Duração: 01h49min.

Vá sem expectativas!


Avaliação: Três sanduíches de ovos e meio (3,5/5)


HOJE NOS CINEMAS


See Ya!














B-

Escrito por Bárbara Kruczyński

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