O Dublê, de David Leitch | Cômico e Recheado de Cultura Pop

 
O dublê profissional Colt Stevens, papel do inenarrável Ryan Gosling, está em mais um trabalho fazendo o que gosta e ao lado da sua crush Jody Moreno, vivida por Emily Blunt, quando um acidente sem precedentes o tira do mercado em Hollywood. Ele estava atuando como dublê do astro Tom Ryder, vivido por Aaron Taylor-Johnson, há seis anos e acaba tendo uma lesão nas costelas ao cair de uma estrutura alta performando uma queda que seria de Ryder. Com vergonha do ocorrido, Stevens se esconde do mundo e acaba achando um trabalho qualquer pela bombada Los Angeles. Contudo, basta um telefone da aclamada produtora Gail Meyer, interpretada por uma Hannah Waddingham de peruca oitentista, para que ele retorne com força aos sets de filmagem. Acontece que Ryder se envolveu em uma bagunça sem fim durante o processo do seu novo filme e ninguém sabe onde ele está. Logo, a equipe precisa escanear Stevens para inserir o ator digitalmente em cena fazendo acrobacias e o que mais for preciso para que eles consigam finalizar a produção. Stevens também é chamado as pressas para tentar encontrar o ator e salvá-lo da enrascada que se meteu. Ademais, ele não quer que o primeiro filme de sua amada Jody como diretora seja cancelado, assim faz de um tudo para ajudar, mesmo que a mulher decline qualquer tipo de ajuda que venha dele. 

O longa de ação e comédia tem direção do ex-stunt David Leitch (responsável pelo divertidíssimo Trem Bala) e é uma baita homenagem ao mundo dos dublês em Hollywood. Aliás, o filme é uma adaptação para as telas da série dos anos 80 ''The Fall Guy'', criada por Glen A. Larson. No ato final, inclusive, os astros que interpretaram Cold Stevens e Jody Banks, Lee Majors e Heather Thomas, fazem uma pequena participação como policiais.

A produção chegou a ganhar horários antecipados no último 30 de abril, mas estreia oficialmente esta quinta-feira (02) com distribuição da Universal Pictures Brasil.

Trailer

Ficha Técnica
Título Original e Ano: The Fall Guy, 2024. Direção: David Leitch. Roteiro: Drew Pearce - adaptação da serie de tevê escrita por Glen A. Larson. Elenco: Ryan Gosling, Emily Blunt, Hannah Waddingham, Aaron Taylor-Johnson, Teresa Palmer, Winston Duke, Sthepanie Hsu, Ben Knight. Gênero: Ação, Comedia, Drama, Romance. Nacionalidade: Eua, Australia e Canadá. Trilha Sonora Original: Dominic Lewis. Fotografia: Jonathan Sela. Edição: Elísabet Ronaldsdóttir. Design de Produção: David Scheunemann. Direção de Arte: Charlie Revai. Figurino: Sarah Evelyn. Distribuição: Universal Pictures Brasil. Duração: 02h06min.
Os dublês estão em todos os lugares possíveis e o trabalho deles é importante para manter a segurança dos atores em cena e trazer veracidade as cenas. Colt Stevens inicia suas falas no filme detalhando exatamente essa idéia. Nos conta que tem um casinho com a assistente de direção Jody e quando menos esperamos algo inusitado acontece e o tira de cena. Afastado de Hollywood e um pouco traumatizado com o ocorrido, o dublê tenta desaparecer da vida de quem ama e dos colegas de trabalho. Mas sabe lá no fundo que não consegue ficar bem sem o seu trabalho dos sonhos e acaba retornando para limpar um bagunça feita pelo astro arrogante e superficial Tom Ryder. Sua volta aos estúdios, no entanto, não é de conhecimento de Jody que está estreando como diretora e esta fica feroz ao saber que Stevens fora chamado pela produtora Gail Meyer. Esta última precisa muito que Stevens ajude a encontrar Ryder para que as filmagens sejam finalizadas e Jody consiga ter uma estréia impactante. O que Stevens ainda não sabe é que pode estar se envolvendo em uma baita armação, e que talvez, esta não seja a primeira. Tudo porquê um crime é cometido no quarto de Ryder e Stevens é flagrado saindo do lugar. A ação começa a ficar cômica e mais entrelaçada quando Stevens tem de correr contra o tempo para provar que só foi ao lugar errado na hora errada e que não tem nada a ver com crime algum.

Enquanto toda esta subtrama acontece, o filme de Jody está a pleno vapor de filmagens e cenas de destruição de carros na praia ou de aliens lutando contra humanos vão sendo rodadas. A mulher demonstra a Stevens que está muito brava com o seu sumiço e por conta deste não ter a deixado ficar mais próximo quando ele precisou. Os dois claramente se amam, mas rola um baita drama para que fiquem finalmente juntos. E ai está a magia de todo o filme. 

                                                          Créditos: © Universal Studios. All Rights Reserved.
A produção está em desenvolvimento desde 2010 e astros como Keanu Reeves, Tom Cruise, Nicholas Cage, Jason Statham e Dwayne Jonhson foram pensados para o papel principal que acabou indo parar nas mãos de Ryan Gosling.

Tão colorido e tão divertido quanto o último filme de Leitch, Trem Bala, ''O Dublê'' é excelente em sua mensagem de entretenimento com homenagens necessárias a classe mais esquecida de Hollywood, os stunts. Eles tem um prêmio dedicado à eles, contudo, ficam de fora de quase todos as maiores premiações, como o Oscar ou até mesmo o SAG's. São atores práticos e que colocam sua vida em risco para encenar as loucuras que cineastas tem em mente. Aqui Ryan Gosling, inclusive, chegou a ter quatro dublês, mas é visto várias vezes em cima de carros ou ligado a cabos em cenas de alta tensão. A narrativa é amarradinha e menos maluquete que a de Bullet Train. Ainda assim, tem um tom alto de comédia e romance e o uso da canção ''I Was Made For Lovin' You'', da banda de rock Kiss, engrena muitas das cenas entre Ryan Gosling e Emily Blunt. Uma das mais hilárias, contudo, é a que Stevens está no carro chorando ao lembrar dos momentos vividos com Jody escutando o clássico moderno ''All Too Well'' da diva pop Taylor Swift. A lista de canções que a película apresenta é um caso a parte. Totalmente repleta de hinos do rock ou pop. 

Repleto de referências a série estrelada por Lee Majors e ao mundo da cultura pop como um todo, o filme é daqueles lançamentos de verão que não foram lançados no verão. São duas horas de puro entretenimento e reviravoltas inventistas que agregam demasiado. Os vilões não são exatamente quem parecem ser, mas são exatamente quem o instinto do espectador mais atento acreditar ser. As caracterizações estão ótimas e ver Emily Blunt dando uma de ''Greta Gerwig'' é sensacional. A própria Hannah Waddingham está maravilhosa e convincente como uma produtora cheia de camadas. Ryan Gosling, que já nos fez ficar maravilhados em ''Dois Caras Legais'' (Shane Black, 2016) e trouxe ao mundo um Ken sensacional em Barbie (Greta Gerwig, 2023) está no ápice por aqui e merece todo o status que ganha. Temos ainda a participação da atriz Teresa Palmer como a atriz que aparece ao lado de Tom Ryder. Aaron Taylor-Johnson entrega outro papel dúbio em cena e a sua caracterização proposital de semelhança com Ryan Gosling está perfeita. 

O sentimento de união entre a classe dos Dublês é visto com força aqui e o terceiro ato é emblemático para fazer com que eles sejam o centro das atenções. Basicamente, a cereja do bolo. 

Avaliação: Quatro ''Joinhas'' após um grande salto (4/5). 


HOJE NOS CINEMAS

Escrito por Bárbara Kruczyński

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