Amira, de Mohamed Diab | Assista nos Cinemas

Amira, do diretor egípcio Mohamed Diab, é mais um lançamento em língua não inglesa da Distribuidora Imovision em cinemas de todo o país. O filme é uma coprodução entre Egito, Jordânia e Emirados Árabes Unidos e se define como um drama político com final trágico. A situação palestina/israelense sendo exposta em toda sua faceta cruel e deplorável. O roteiro desenvolve a ideia de como as vidas das pessoas são atingidas por situações que fogem ao seu controle e que são resultado de lutas e carnificinas que já duram há séculos. Há como escapar disso? O final pessimista responde com uma triste negativa.

Amira (Tara Abboud) é uma estudante palestina muito orgulhosa de seu pai, um herói de guerra que, por combater Israel, está cumprindo pena perpétua numa prisão de segurança máxima israelense. Fruto de uma inseminação artificial, a jovem foi gerada com o sêmen contrabandeado de seu pai Nuwar (Ali Suliman), retirado da prisão por um dos carcereiros judeus. Como os pais se casaram após a prisão, eles nunca chegaram efetivamente a se tocar. Warda (Saba Mubarak) e Nuwar só se veem através de um vidro na sala de visitas e só se falam através de telefone. Ainda que esbanjando amor e cumplicidade, esta família nunca chegou realmente a se conhecer, mesmo tendo gerado uma linda e adorável adolescente.

Numa dessas visitas, o preso manifesta à sua mulher o desejo de ter outra criança. Mesmo reticente com o desejo do marido, Warda concorda e mais uma vez o sêmen do prisioneiro é retirado da cadeia. Só que agora, no hospital em que se vai fazer a inseminação, descobre-se que Nuwar é infértil, não pode ter filhos. Amira então percebe que o homem que tanto ama não é seu pai. E Warda recusa-se a dizer que é o verdadeiro pai de sua filha.
 
Começa uma investigação para se saber quem é o pai de Amira. A jovem sofre muito e fica revoltada com o silêncio da mãe. A violência fica latente a partir daí. Em países muçulmanos, as mulheres não têm os seus direitos humanos respeitados e, a qualquer momento, a mãe de Amira pode ter um final trágico. Até que, no segundo ato da trama, acontece uma reviravolta, e Amira é que passa a ser perseguida. 
 
Trailer

Ficha Técnica
 
Título original e ano: Amira, 2021. Direção e roteiro: Mohamed Diab. Elenco: Saba Mubarak; Ali Suliman; Tara Abboud, Waleed Zuaiter, Ziad Bakri, Suhaib Nashwan, Reem Talhami. Gênero: Drama. Nacionalidade: Egito, Jordânia, Emirados Árabes Unidos. Departamento de Som: Muslim. Fotografia: Ahmed Gabr. Design de Produção: Nael Kanj. Edição: Ibrahim Elhefnawy e Ahmed Hafez. Figurino: Hamada Atallah. Distribuição: Imovision. Duração: 98min.

O filme, passo a passo, caminha para uma tragédia. O contexto político e histórico mescla-se às vidas individuais. As pessoas são condenadas a seguir roteiros pré-determinados, sem respeitar seus afetos e desejos, imbuídas de seus ideiais políticos e de raça. Amira é uma grande vítima dessa situação. O final lastimoso nos faz refletir sobre como a história e a política afetam nossas decisões e prejudicam nossas vidas.
 Créditos: Divulgação        

O diretor e roteirista Mohamed Diab é bom e competente! Seu trabalho não apela para emocionalismos baratos. Sua mão leve deixa o contexto falar por si mesmo. A situação difícil em que vive o povo palestino, por si mesma, já traz um forte conteúdo emocional à estória. A vida de Amira comove e o longa nos faz refletir sobre todas essas décadas de sofrimento e abandono. Presente também na 17ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, do Cinesesc, o longa-metragem Amira é uma grata surpresa do cinema árabe, pouquíssimo conhecido aqui no Brasil. 
 
Indicado em diversas categorias em Festivais de Cinema ao redor do mundo e ganhador de oito prêmios, entre eles, ''Melhor Filme'' no Festival de Veneza de 2021 pela categoria ''Interfilm''.

Nota: 7,5/10 
 
HOJE NOS CINEMAS

Escrito por Marcelino Nobrega

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