O Livro dos Prazeres, de Marcela Lordy | Assista nos Cinemas

Lori é uma jovem mulher que leciona para o ensino infantil em uma escola do Rio de janeiro. Como educadora, não subestima a inteligência de seus pequenos alunos e os apresenta temáticas que vão além do aprendizado teórico e apropriado a idade deles, os instigando a refletir e crescer. Em seu tempo livre, vive sua sexualidade a flor da pele e não tem vergonha disso. A personagem é vivida pela esplêndida Simone Spoladore que contracena ainda com o ator Javier Drolas (Medianeras, The Good Intentions e Severina), intérprete de Ulisses, um professor de filosofia argentino com quem tem muitas conversas paradoxais e intrigantes. O Livro dos Prazeres também conta com participação do sempre excelente Felipe Rocha, na pele de Davi,o irmão de Lori. E fecham o elenco: Gabriel Stauffer, Martha Nowill, Leandra Leal, Julia leal Youssef, Ana Carbatti e Teo Almeida

O filme, dirigido por Marcela Lordy, adapta livremente a obra de Clarice Lispector ‘’Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres‘’, lançada ao fim dos anos 60, para os dias atuais e foi uma das películas que passaram pela 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. A co-produção entre Brasil e Argentina foi exibida no país dos Hermanos, a convite da embaixada brasileira, por ocasião do Bicentenário da Independência do Brasil ao inicio do mês e contou com a presença da diretora. Agora poderá ser assistida nos cinemas brasileiros a partir desta quinta-feira (22).
 
Trailer
 

FICHA TÉCNICA
Título original e ano: O Livro dos Prazeres, 2020. Direção: Marcela Lordy. Elenco: Simone Spoladore, Javier Drolas, Felipe Rocha, Gabriel Stauffer, Martha Nowill e Teo Almeida. Participação Especial: Leandra Leal, Julia Leal Youssef e Ana Carbatti. Roteiro: Josefina Trotta e Marcela Lordy. Direção de Fotografia: Mauro Pinheiro Jr, ABC. Montagem: Rosário Suárez, SAE. Desenho de Som e Música Original: Edson Secco. Direção de Som: Federico Billordo. Direção de Arte: Iolanda Teixeira. Direção de Produção: Manuela Duque. Assistência de Direção: Renata Braz. Produção de Elenco: Marcela Altberg e Gustavo Chantada. Preparação elenco: Tomás Rezende. Produção: Deborah Osborn, Marcela Lordy, Felipe Briso e Gilberto Topczewski. Coprodução: Hernán Musaluppi, Natacha Cervi e Marcello Ludwig Maia. Produção Executiva: Marcello Ludwig Maia, Deborah Osborn, Camila Nunes e Rocío Scenna. Produtoras Associadas: Camila Nunes, Simone Spoladore. Empresas Produtoras: bigBonsai e Cinematográfica Marcela. Empresas Coprodutoras: Rizoma, República Pureza e Canal Brasil. Distribuidora: Vitrine Filmes. Duração: 01h39min. 
Vemos na tela uma mulher sem pudor e buscando respostas. Seja para ajudá-la a superar suas limitações ou para ter conexões diferentes das que costuma ter. Longe da família, o pai e o irmão moram no interior, Lori entende que seu pensamento progressista tem mais valor onde está. Que ali, mesmo que sozinha, pode levar a vida de uma forma menos conservadora. Afinal, sua família aparentemente até vota em candidatos deste estilo. 

Claramente ela não quer ser cobrada pela sociedade por não ser casada ou mãe, mas quer sim conseguir fechar os olhos a noite e saber que venceu seus medos e soube seguir caminhando sem dores e tristezas. Ela, obviamente, tem uma jornada árdua até chegar este ponto e quando ele chega revela que o início de tudo está ali, na superação. 

Lori é a todo momento instigada por um professor (Drolas) maluco por ela, mas que entende que a mulher não está pronta, afinal, ele sabe que ela pode mais, mas talvez Lori ainda não acredite nisto. A professora chega a se irritar com diversas conversas entre eles, todavia, a atração é impulsiva e tem seu ápice ao fim do longa. 
 
Simone Spoladore nos entrega uma uma mulher contemporânea e estimulante. Tem beleza real e não nos engana, pois não se mostra superficial. É opiniosa e quer que àqueles que com ela aprendem tenham ferramentas e conteúdo. Talvez exagere por uma pequena porcentagem, mas caminhar pela vida sem falhar não é algo que necessariamente ela procure. Seus diálogos com o maravilhoso Javier Drolas nos deixam atentos e a química entre os dois se reconhece pelo olhar. Drolas, inclusive, sempre que entra em cena, mesmo que ainda não tenha um português inteligível, nos tira do lugar e chama muito a atenção. Seu personagem é libertinoso, bissexual, um cadinho arrogante, mas ultra interessante e necessário para as motivações de Lori. A mulher também tem a aclamação do filho da amiga, para quem dá aula, e seu irmão vive a pedindo para não perderem o contato, mas esta sente que sua vida em um apartamento herdado no Rio é mais frutífera que na antiga casa da família. 

A direção da estreante Lordy faz com que entendamos esta mulher e sua vontade de prazer, de cura, de estar na sua. Temos uma câmera amiga e não julgadora. O texto, que também é assinado por Lordy em parceria com a argentina Josefina Trotta, lembra bem os livros de Clarice e seu jeito auto questionador. Um roteiro que narra a vida de uma mulher depois dos 30 e que não fere sua imagem, pelo contrário. Nos ensina a vê-la. 
 
O LIVRO DOS PRAZERES terá sessão especial no Petra Belas Artes, no próximo dia 23 de setembro, às 20h30. Após a exibição do filme haverá um debate especial com a presença da diretora Marcela Lordy, com os professores Eliane Fittipaldi e Evando Nascimento e a mediação de Paula Jacob, da Revista Claudia. A sessão será aberta ao público e os ingressos já estão disponíveis no ingresso.com e nas bilheterias do cinema.
 
Texto originalmente publicado no https://sitesejacult.blogspot.com em novembro de 2020
 
HOJE NOS CINEMAS

Escrito por Bárbara Kruczyński

    Comentários Blogger
    Comentários Facebook

0 comments:

Postar um comentário

Pode falar. Nós retribuímos os comentários e respondemos qualquer dúvida. :)