Existem momentos que mudam para sempre as nossas vidas, e, muitas vezes, tais mudanças podem ser prejudiciais. Aliás, as escolhas que se tomam após um evento traumático, por exemplo, definem o percurso de acontecimentos futuros - ação, reação e conquência. O novo lançamento da Warner Bros ''F1 - O Filme'' traz um reflexo deste pensamento em seu plot central. A trama apresenta Sonny Haeyes, vivido pelo astro Brad Pitt, um ex-piloto profissional de Fórmula 1®, que é convocado por seu velho amigo Ruben Cervantes para voltar a ativa e tentar salvar a empresa APXGP (Apex Grand Prix), do qual é acionista, formando um novo time e orientando pilotos mais jovens. O enredo da superação desportiva não é inédito, mas ganha aqui certo frescor e novas camadas de possibilidades. E isso por diversos motivos.
A atuação de Pitt e a carga emocional impressa em seu personagem, já no início, funcionam como peça chave para a construção do clima do longa-metragem e da persona apática e imprudente por trás do excelente piloto que o ator encarna. O trauma do personagem, isto é, o acidente que interrompeu sua ascensão promissora é tratado com o devido peso dentro da narrativa. Uma cicatriz aqui, um vídeo antigo ali. Nunca vemos o evento do ponto de vista de Sonny e esta decisão do roteiro e da direção é inteligente ao criar a aura de mistério e dar ao evento a bagagem necessária para a construção do esportista.
Ao receber o convite para retornar a Formula 1®, Sonny é alertado que seu companheiro de equipe é um piloto mais jovem e inexperiente chamado Joshua Pierce, papel de Damson Idris. A personalidade explosiva do rapaz contrasta com o cinismo de seu novo colega. Assim, ao invés de optar pelo clichê ‘mestre e aprendiz’, a trama explora a diferença geracional e surpreende ao colocar a dinâmica da dupla acima do clichê da volta por cima de Sonny. O embate entre eles é o fio condutor do enredo e muito da emoção do roteiro reside não na expectativa de uma vitória heroica e gloriosa de Sonny, mas em qual artimanha duvidosa ele usará como ferramenta de auxílio para colocar a APXGP em vantagem. Por sua vez, diante dessas investidas, Joshua não quer ser colocado para trás e está sempre frisando como o parceiro é velho e ultrapassado, enquanto este último faz questão de apontar como Joshua é dependente da aprovação externa e da mídia. Para o espectador pode ser um choque ver Brad Pitt, outrora galã dos anos 90 e porquê não dos 2000, na posição de homem amargurado de meia idade. A dinâmica que se estabelece não é de mentoria, mas sim de competição, discussões e mais competição! O que não é interessante considerando a situação complicada da equipe de automobilismo. De toda forma a relação entre eles serve para expor os pontos fortes e fracos de cada um e aquilo que precisam melhorar para alcançar seus máximos potenciais. Sonny com sua incapacidade de abrir diálogo e Joshua em não dar o braço a torcer. Por diversas vezes essa é a principal questão dentro da narrativa: quem vai dar o braço a torcer primeiro?
Infelizmente, o mesmo não pode ser dito da dinâmica de Sonny com Kate (Kerry Condon) que não acrescenta em nada à narrativa e parece mais servir a uma necessidade do roteiro de dar ao protagonista um interesse romântico para se ocupar. Kate é a única presença feminina forte no filme e também é a primeira diretora técnica de Formula 1®. É a inteligência dela – tanto nos cálculos de mecânica quanto a inteligência emocional – que possibilita que Sonny e Joshua consigam estabelecer suas dinâmicas. No entanto, todo o backstory da personagem é colocado de lado para que ela sirva de escada ao protagonista, em um pseudo-romance sem nenhuma química, completamente descartável e sem propósito narrativo - a não ser o de estabelecer implicitamente que mesmo sendo muito inteligente tem necessidades físicas e apenas isso não basta.
A atuação de Pitt e a carga emocional impressa em seu personagem, já no início, funcionam como peça chave para a construção do clima do longa-metragem e da persona apática e imprudente por trás do excelente piloto que o ator encarna. O trauma do personagem, isto é, o acidente que interrompeu sua ascensão promissora é tratado com o devido peso dentro da narrativa. Uma cicatriz aqui, um vídeo antigo ali. Nunca vemos o evento do ponto de vista de Sonny e esta decisão do roteiro e da direção é inteligente ao criar a aura de mistério e dar ao evento a bagagem necessária para a construção do esportista.
Ao receber o convite para retornar a Formula 1®, Sonny é alertado que seu companheiro de equipe é um piloto mais jovem e inexperiente chamado Joshua Pierce, papel de Damson Idris. A personalidade explosiva do rapaz contrasta com o cinismo de seu novo colega. Assim, ao invés de optar pelo clichê ‘mestre e aprendiz’, a trama explora a diferença geracional e surpreende ao colocar a dinâmica da dupla acima do clichê da volta por cima de Sonny. O embate entre eles é o fio condutor do enredo e muito da emoção do roteiro reside não na expectativa de uma vitória heroica e gloriosa de Sonny, mas em qual artimanha duvidosa ele usará como ferramenta de auxílio para colocar a APXGP em vantagem. Por sua vez, diante dessas investidas, Joshua não quer ser colocado para trás e está sempre frisando como o parceiro é velho e ultrapassado, enquanto este último faz questão de apontar como Joshua é dependente da aprovação externa e da mídia. Para o espectador pode ser um choque ver Brad Pitt, outrora galã dos anos 90 e porquê não dos 2000, na posição de homem amargurado de meia idade. A dinâmica que se estabelece não é de mentoria, mas sim de competição, discussões e mais competição! O que não é interessante considerando a situação complicada da equipe de automobilismo. De toda forma a relação entre eles serve para expor os pontos fortes e fracos de cada um e aquilo que precisam melhorar para alcançar seus máximos potenciais. Sonny com sua incapacidade de abrir diálogo e Joshua em não dar o braço a torcer. Por diversas vezes essa é a principal questão dentro da narrativa: quem vai dar o braço a torcer primeiro?
Infelizmente, o mesmo não pode ser dito da dinâmica de Sonny com Kate (Kerry Condon) que não acrescenta em nada à narrativa e parece mais servir a uma necessidade do roteiro de dar ao protagonista um interesse romântico para se ocupar. Kate é a única presença feminina forte no filme e também é a primeira diretora técnica de Formula 1®. É a inteligência dela – tanto nos cálculos de mecânica quanto a inteligência emocional – que possibilita que Sonny e Joshua consigam estabelecer suas dinâmicas. No entanto, todo o backstory da personagem é colocado de lado para que ela sirva de escada ao protagonista, em um pseudo-romance sem nenhuma química, completamente descartável e sem propósito narrativo - a não ser o de estabelecer implicitamente que mesmo sendo muito inteligente tem necessidades físicas e apenas isso não basta.
Crédito de Imagens: © 2025 Warner Bros. Entertainment Inc. All Rights Reserved.
O longa foi primeiro um filme pensado para ser estrelado por Tom Cruise e Brad Pitt, mas que acabou se transformando em ''Ford vs. Ferrari'' (James Mangold, 2019) e não contou com a participação de nenhum dos atores.
As cenas ao volante são o ponto alto do filme. Para quem é leigo no esporte, como grande parte da audiência, a decisão de focar no ponto de vista de quem está dirigindo com uma narração ao fundo funciona perfeitamente para situar o espectador e emular a emoção e o perigo de como é dirigir um super carro de corrida. A trilha de Hans Zimmer brilha como nunca ao criar a atmosfera de urgência e aparecer nos momentos exatos, realçando cada curva. O espectador é assaltado pelo sentimento de adrenalina que preenchem a tela e te envolvem para dentro do veículo. A direção de Joseph Kosinski (Top Gun Maverick, 2022) o consolida como um grande nome do gênero, que sabe conectar o público a seus personagens e emular cenas de ação inesquecíveis. A cadência dos acontecimentos nunca é cansativa e estamos sempre ansiosos pelo próximo Grand Prix e pela próxima corrida.
As homenagens aos grandes nomes do esporte e easter eggs de grandes eventos é inserida de forma natural dentro da narrativa fazendo com que mesmo aqueles que não tem conhecimento sobre o assunto se sintam incluídos e familiarizados, ainda que temporariamente, com o esporte e com a história em si. Para o público brasileiro, será impossível não se sentir feliz com as menções à Ayrton Senna, o lendário piloto brasileiro que foi destaque na Fórmula 1 e marcou uma geração inteira com suas vitórias emocionantes. De certa maneira, o acidente trágico de Senna e o acidente fictício de Sonny são um lembrete constante dos perigos reais desse e de qualquer outro esporte. Em uma visão mais poética das coisas podemos enxergar a segunda chance de Sonny como uma linha do tempo que nunca veremos.
As homenagens aos grandes nomes do esporte e easter eggs de grandes eventos é inserida de forma natural dentro da narrativa fazendo com que mesmo aqueles que não tem conhecimento sobre o assunto se sintam incluídos e familiarizados, ainda que temporariamente, com o esporte e com a história em si. Para o público brasileiro, será impossível não se sentir feliz com as menções à Ayrton Senna, o lendário piloto brasileiro que foi destaque na Fórmula 1 e marcou uma geração inteira com suas vitórias emocionantes. De certa maneira, o acidente trágico de Senna e o acidente fictício de Sonny são um lembrete constante dos perigos reais desse e de qualquer outro esporte. Em uma visão mais poética das coisas podemos enxergar a segunda chance de Sonny como uma linha do tempo que nunca veremos.
Trailer
Ficha Técnica
- Título Original e Ano: F1, 2025. Direção: Joseph Kosinski. Roteiro: Ehren Kruger - com argumentos de Joseph Kosinski e Ehren Kruger. Elenco:Brad Pitt, Damson Idris, Kerry Condon, Tobias Menzies, Javier Bardem Kim Bodnia, Shea Whigham, Sarah Niles, Will Merrick e Lewis Hamilton. Gênero: Drama esportivo, ação. Nacionalidade: Estados Unidos da América. Trilha Sonora Original: Hans Zimmer. Fotografia: Claudio Miranda. Edição: Stephen Mirrione. Design de Produção: Mark Tildesley e Ben Munro. Direção de Arte: Will Newton e Steven Smith. Figurinista: Julian Day. Empresas Produtoras: Apple Studios, Apple Original Films, Monolith Pictures, Jerry Bruckheimer Films. Plan B Entertainment. Dawn Apollo Films. Distribuidora: Warner Bros. Pictures e Apple Original Films. Duração: 02h35min.
Com mais de duas horas e meia de duração, a produção peca pelo excesso. Às vezes estender o clímax não favorece no
prolongamento da euforia causada pela conclusão. Mesmo assim F1- O Filme,
é divertido, envolvente e tem ótimas cenas de ação. O roteiro clichê e
previsível é contrabalanceado pela excelente dinâmica entre os dois
protagonistas e a boa cadência dos acontecimentos mantém o espectador
interessado e curioso pelas próximas curvas.
26 de Junho nos Cinemas
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