Meu Amigo Totoro, Hayao Miyazaki | Ghibli Fest


As irmãs Satsuki e Mei mudam-se com o pai para uma casa no campo. Assim eles ficariam mais próximos da mãe, que está convalescendo em um hospital. As crianças, de 10 e 4 anos aproximadamente, estão sofrendo com esse afastamento, mas sua imaginação infantil as faz ter companhia de amigos imaginários, entre eles o enorme Totoro, um urso antropomorfizado de sorriso largo e barriga gigantes. As crianças e seus amigos se apoiam nesse exílio forçado, até uma possível volta materna.

Lançada no Japão em 1988, a animação "Meu Amigo Totoro" contou com de Hayao Miyazaki, criador dos estúdios Ghibli. Esse japonês genial já havia dirigido "Nausicaa do Vale do Vento" (1984) e "O Castelo no Céu" (1986), entre outros, mas a trama com Satsuki, Mei e Totoro foi o grande cartão de visitas desse artista no mundo ocidental, uma apresentação magnífica de seu estilo. Depois disso, a carreira dele foi de vento em popa. "Princesa Mononoke" (1997), "A Viagem de Chihiro (2001), ganhador do Oscar de "Melhor Animação", em 2003, e do Urso de Ouro de "Melhor Filme", no Festival de Berlim 2002, e "O Menino e a Garça", vencedor do Oscar de "Melhor Animação", em 2024, são belos exemplos de sua jornada longínqua e vitoriosa no mundo da sétima arte.

O que impacta nas obras de Miyazaki é o cuidado que ele dá aos detalhes. Numa animação infanto-juvenil cria-se todo um universo onde crianças e seres imaginários convivem e interagem. Esse mundo fantástico é baseado no imaginário japonês, na sua religião xintoísta, onde os deuses são a natureza, seus animais, suas plantas. Esse roteiro muito lapidado gera cenas impactantes, de tão ternas e sensíveis que são. Crianças sofrendo com deuses, parecendo bonecos de pelúcia, as ajudando é muito enternecedor.

Trecho do filme - Netflix Anime

Ficha Técnica 

  • Título original e ano: となりのトトロ (Tonari no Totoro), 1988. Direção e Roteiro: Hayao Miyazaki. Vozes originais: Noriko Hidaka, Chika Sakamoto, Shigesato Itoi, Sumi Shimamoto, Hitoshi Takagi. Nacionalidade: Japão. Gênero: Animação, Fantasia, Família. Trilha sonora: Joe Hisaishi. Fotografia: Hisao Shirai. Direção de arte: Kazuo Oga. Design de personagens: Hayao Miyazaki. Edição: Takeshi Seyama. Produção: Toshio Suzuki. Estúdio: Studio Ghibli. Distribuição original: Toho. Duração: 01h26min.

Até o final do filme, a mãe não se cura e não volta para casa. Mas as duas meninas estão bem cuidadas, elas se amam e são cercadas por muito amor tanto do pai quanto das adoráveis criaturas místicas, principalmente Totoro. Camadas e mais camadas se sobrepõe ao roteiro, tanto pode-se ver uma obra mitológica, onde deuses xintoístas no meio rural ainda andam pelos campos e florestas, como pode-se ver um drama comovedor de crianças angustiadas que criam amigos mágicos para as consolarem nestes momentos difíceis de solidão e dor.

                                                  Crédito de Imagens: Studio Ghibli - Sato Company - Divulgação
O filme é parcialmente autobiográfico, pois Hayao e o irmão perderam a mãe quando eram pequenos


Os personagens todos são magníficos. A irmã mais velha, Satsuki, mesmo uma pequerrucha, assume o papel da mãe, cozinhando para a família e cuidando da irmã mais nova. Mei é uma criancinha irrequieta e cheia de estripulias, se mete em tudo quanto é esconderijo na propriedade, vive se perdendo, e é a primeira a conhecer Totoro. O pai, muito carinhoso, cuida sozinho das crianças enquanto a esposa está no hospital. Esse núcleo familiar é rodeado pelos vizinhos no campo, entre elas um pequeno rapazinho que todo envergonhado aos poucos se aproxima das meninas da cidade, e pelos deuses e espíritos do campo. Cada um deles caracterizado com muito cuidado aos detalhes e à personalidade individual.

Entre muitas aventuras, as crianças se divertem muito com Totoro e com o pai, enquanto aguardam ansiosamente a volta da mãe. Essa espera é muito dolorosa às vezes, principalmente para a irmã menor, a Mei, que não entende muito bem o que está acontecendo, mas sente muita falta da mãe. Essa mistura de encantamento e sofrimento, que é o resumo da vida de todos, vai levando o filme à frente, num belo resultado, embalado por uma trilha sonora deliciosa e cenários desenhados belíssimos. É uma obra infanto-juvenil que não subestima a inteligência e sensibilidade de seu público-alvo, característica essa que atrai também os adultos. É uma animação de grande sensibilidade, obra de um grande diretor, comparável aos filmes de Walt Disney. Talvez o Miyazaki seja até melhor, mas cabe a cada espectador julgar e tirar suas conclusões. 

Nota: 9/10.

O filme participará do GHIBLI FEST 



Serviço:
GHIBLI FEST 2025 
Quando: De 18 de setembro a 1º de outubro. Pré-venda de ingressos abre em 4/9.
Onde:  Salas de Cinema de todo o país - ingressos disponíveis, compre aqui.

Escrito por Marcelino Nobrega

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