Cemitério Maldito (2019)


Quão tentadora é a possibilidade de driblar a morte? A nova adaptação da obra de Stephen King, Cemitério Maldito, não é tão eficiente quanto o livro em salientar o quanto esse questionamento pode tirar a sanidade das pessoas. Porém, é eficiente em provar que tal atitude não vem sem consequências.

A família Creed, composta por Louis (Jason Clarke), Rachel (Amy Seimetz), Ellie (Jeté Laurence) e Gage (Hugo/Lucas Lavoie), acaba de se mudar para uma casa na pacata cidade de Ludlow. O objetivo, é que o patriarca da família possa ter um emprego mais tranquilo e que consiga passar mais tempo ao lado dos entes queridos. Louis leva essa proposta a sério. Mesmo quando a morte teima em separá-los.

Com 20 hectares de terra, a nova morada do clã se localiza ao redor de uma densa floresta. Esta última, por sua vez, abriga um antigo cemitério de animais. No local, como parte de uma tradição da cidade, é comum enterrar bichinhos de estimação para que eles encontrem paz - mesmo que que isso implique em invadir o terreno alheio.

Se há uma coisa que se destaca no longa é a construção da ambientação. A trilha sonora surpreende ao fugir dos clichês dos filmes de terror contemporâneos e ainda assim nos coloca em clima de alerta. A estética do cemitério não nega nenhuma das convenções do gênero e não obstante é um ótimo material para instaurar a aura de medo e apreensão. A cena da procissão de crianças mascaradas, logo no começo da obra, arrepia e serve de prenúncio para o que está por vir.


O primeiro ponto de virada acontece quando o gato da família, a quem a pequena Ellie é muito apegada, é atropelado na rodovia que fica na beira da casa. O vizinho Jud (John Lithgow) funciona como mensageiro do mal (por mais que não seja sua intenção) ao sugerir que o bichano seja enterrado não no cemitério de animais, mas mais além, floresta adentro, em um antigo território indígena.

Sem saber o que está por vir, Louis enterra o gatinho Church onde lhe foi indicado. E esse é o único momento em que a ótima ambientação do filme falha, apresentando um cenário totalmente computadorizado que não assusta por soar falso com seu céu apocalíptico e sua névoa demasiada. Se sentimos algum medo nesta sequência, é por conta da tensão muito bem construída pelos demais elementos.

Para surpresa da família, o gato aparece vivo em casa no dia seguinte. A partir daí, os efeitos nefastos da busca pela vida escalonam rapidamente. A direção e o roteiro não tiveram medo de fazer a história tomar caminhos drásticos. Essa coragem é admirável em comparação ao mar de filmes sem o arrojo de assumir decisões ousadas que vemos por aí mesmo no gênero do terror.


Lamentavelmente, o longa peca na construção da relação entre os personagens. O afeto que Jud diz ter por Ellie não convence. E como não temos o fator loucura presente aqui na mesma escala que na obra literária, o apego que Louis demonstra pelos filhos não é arrebatador o suficiente para justificar seus atos. Entretanto, tais falhas não são o suficiente para fazer com que Cemitério Maldito não seja um filme bom. Não chega a ser espetacular. Mas é uma boa imersão e um bom entretenimento.

Trailer


Ficha Técnica

Título original e ano: Pet Cemitery, 2019. Diretor: Kevin Kölsch e Dennis Widmyer. Roteiro: Jeff Buhler e Matt Greenberg - adaptado do livro 'O Cemitério', de Stephen King. Elenco: Jason Clarke, Amy Seimetz, Hugo Lavoie, Lucas Lavoie, Jeté Lawrence, John Lithgow. Gênero: Terror. Nacionalidade: EUA. Trilha Sonora Original: Christopher Young. Fotografia: Laurie Rose. Edição: Sarah Broshar. Distribuidora: Paramount Pictures Brasil. Duração: 01h41min.

Não recomendado para menores de 16 anos


09 DE MAIO NOS CINEMAS

Escrito por Luana Rosa

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