Memória | 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Perspectiva Internacional - Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2021.

Esta coprodução internacional do diretor tailandês de nome impronunciável Apichatpong Weerasethakul, Memória, estrelado pela atriz inglesa Tilda Swinton, traz mais um de seus dramas surpreendentes e misteriosos, que mesclam o fantástico ao cotidiano prosaico, num resultado original e surpreendente, que atrai prêmios diversos nos festivais de cinema.

Honrado com o Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2021, o filme se passa na Colômbia, com referências aos mitos das florestas tropicais da América Latina. Essa mescla de mitos e paisagens urbanas, de cidadãos comuns e fantasmas e lendas, é o traço original desse diretor tão reverenciado no mundo da sétima arte e que, a cada obra, solidifica sua mitologia particular. É um autêntico construtor de universos, característica rara atualmente, em que um cinema cada vez mais pasteurizado e globalizado é privilegiado pelo público e pelos produtores.

O roteiro surpreendente conta a estória da escocesa Jessica (Tilda Swinton), que visita sua irmã doente Karen (Agnes Brekke) em Bogotá, na Colômbia. Na casa do seu cunhado, ouve um som misterioso na madrugada, só escutado por ela. A partir dessa noite, começa a ouvi-lo frequentemente. Na busca por entender a causa desse estrondo, ela interage com vários colombianos, entre a cidade e o meio rural, numa peregrinação por esse país, nosso vizinho, tão lindo.

Ficha Técnica

Título original e ano: Memória, 2021. Direção e roteiro: Apichatpong Weerasethakul. Elenco: Jeanne Balibar, Tilda Swinton, Agnes Brekke, Juan Pablo Urrego, Daniel Giménez Cacho,Jerónimo Barón. Gênero: Drama. Nacionalidade: Colômbia, Alemanha, França, Tailândia. Trilha Sonora Original: César López. Fotografia: Sayombhu Mukdeeprom. Figurino: Catherine Rodríguez. Distribuidor: Mubi. Duração: 02h16min

Nessa odisseia por este canto do mundo, berço de civilizações tão antigas, o nosso Ulisses europeu, Jessica, se vê perdida num mistério mais velho que a humanidade. A memória é peça chave do entendimento do enigma do filme. Tilda Swinton se entrega ao papel brilhantemente. Na empatia por seu personagem, também nos perdemos nesse mundo maravilhoso, onde convivemos com espíritos e até carros mostram sinais sobrenaturais. O espectador deve se render ao ritmo lento do filme e entregar-se ao desconhecido e à originalidade, sendo companheiro da Jessica nessa viagem ao mítico e ao misterioso.

Destaco aqui o trabalho excelente da sonoplastia da película, afinal o som misterioso é que guia os personagens desde o início. Então, cada cena é carregada de efeitos sonoros a que se deve prestar atenção. Inclusive o silêncio de algumas sequências tem sua razão de existir. Os cenários na Colômbia têm uma fotografia realista, destacando suas belas florestas tropicais. É um filme original, de um grande diretor, que desta vez saiu da Tailândia e veio procurar o fantástico na nossa América Latina! Assistam e se deliciem com mais esse grande filme da 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo!

Nota: 8/10.

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O Festival se iniciou dia 21 de outubro e ocorre até o dia 03 de novembro, em São Paulo.

Escrito por Marcelino Nobrega