Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda

 
Em 1972, Mary Rodgers escreveu o romance ''Freaky Friday'', que originou um roteiro adaptado para o cinema. Quatro anos depois, em 1976, a Walt Disney Productions lançou a primeira versão, dirigida por Gary Nelson, com Barbara Harris e a jovem Jodie Foster nos papéis principais. No Brasil, a comédia fantástica recebeu o título “Se Eu Fosse Minha Mãe” (hoje disponível no Disney+). A produção deu início a uma franquia que atravessaria décadas, gerando remakes televisivos e cinematográficos, todos girando em torno da mesma premissa: mãe e filha trocam de corpo por um dia e são forçadas a enfrentar o desafio de viver a vida da outra, percebendo que até quem parece “próximo” pode ser um verdadeiro mistério. A mensagem central é clara — compreender o universo de alguém com idade, prioridades e experiências diferentes exige empatia, e só essa compreensão é capaz de “quebrar o feitiço”. Entre lições e risadas, o público é convidado a reconhecer as dores e delícias de cada fase da vida.

Em 2003, a fórmula ganhou nova vida com uma versão que se tornaria um marco para o público adolescente da época. Dirigido por Mark Waters, o filme apresentou Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan em atuações que equilibravam humor e emoção na medida certa. Curtis encarnava Tess, uma psicóloga sobrecarregada às vésperas de se casar novamente, enquanto Lohan interpretava Anna, adolescente rebelde e guitarrista de uma banda de rock, com aquela dose de drama e paixão juvenil que transforma qualquer discussão em uma batalha épica. O roteiro soube explorar o contraste entre as personagens, potencializando as situações absurdas — como o momento em que um biscoito da sorte enfeitiçado, recebido em um restaurante chinês, desencadeia a troca de corpos. Simples, mas eficaz. A produção faturou cerca de 160 milhões de dólares no mundo todo, prova de que o apelo da história permanecia intacto, mesmo décadas depois.

Agora, vinte anos após aquele sucesso, chega aos cinemas a sequência Sexta-Feira Mais Louca Ainda. O timing não poderia ser mais simbólico: Lindsay Lohan, que recentemente tornou-se mãe, interpreta uma Anna madura, agora no papel de mãe solteira de Harper (Julia Butters). É um jogo metalinguístico curioso — a atriz que, no passado, viveu a filha rebelde agora experimenta, dentro e fora das telas, a perspectiva de quem está do “outro lado da conversa”. Jamie Lee Curtis retorna como Tess, desta vez avó espirituosa e observadora, que carrega na memória a experiência surreal de ter vivido no corpo da própria filha.

Crédito de Imagens: © 2024 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.

O filme traz uma conexão ao icônico "Garotas Malvadas" (2003) quando revela que o aniversário de casamento de Anna e Eric é em 03 de outubro.

O enredo busca atualizar a fórmula para um público que cresceu com a versão de 2003, mas que também se acostumou a narrativas mais ágeis e cheias de referências. Aqui, Anna se apaixona por Eric (Manny Jacinto), um britânico pai solteiro de Lily (Sophia Hammons), adolescente metida que, junto com Harper, não mede esforços para sabotar o romance. Como se não bastasse, um novo evento mágico embaralha tudo: Anna e Tess acabam trocando de corpo com Lily e Harper, criando uma teia de confusões que mistura choques geracionais, rivalidades adolescentes e dilemas adultos. Para apimentar, o velho amor juvenil de Anna, Jake (Chad Michael Murray), ressurge do passado, acompanhado até por um antigo professor que nunca a deixou em paz.

O filme mantém o DNA Disney: roteiro simples, previsível e redondo; cenários coloridos; momentos musicais bem coreografados; e um elenco que sabe como extrair humor da situação sem perder o carisma. É um entretenimento leve, que não se propõe a reinventar a história, mas a reafirmar sua atemporalidade — algo que pode ser visto tanto como virtude quanto como limitação. Para quem busca surpresas ou uma abordagem mais ousada, talvez soe conservador demais. Mas para quem quer revisitar uma fórmula que funciona, embalado pela nostalgia e pela química evidente entre Curtis e Lohan, o resultado é exatamente o prometido: diversão garantida e uma pitada de afeto. Sucesso na certa.

Trailer

Ficha Técnica 

• Título Original e ano: Freakier Friday, 2025. Direção: Nisha Ganatra. Roteiro: Jordan Weiss, Elyse Hollander, Mary Rodgers. Elenco: Jamie Lee Curtis, Lindsay Lohan, Julia Butters, Sophia Hammons, Manny Jacinto, Maitreyi Ramakrishnan, Lucille Soong, X Mayo, Chad Michael Muray, Haley Hudson, Christina Vidal. Gênero: Comédia, Família, Fantasia. Nacionalidade: Estados Unidos da América. Trilha Sonora Original: Amie Doherty. . Fotografia : Matthew Clark. Edição: Eleanor Infante. Design de Produção: Kay Lee. Direção de Arte: Danielle Levesque e Michael Hersey. Figurino / Design de Costumes: Natalie O’Brien. Empresas Produtoras: Burr! Productions, Gunn Films, Walt Disney Pictures. Distribuidora: Disney Pictures. Duração: 1h 51min 

A diretora Nisha Ganata tem extensa experiência na direção de séries para a tevê e trabalha bastante com elencos e equipes de diversas etnias. Seu filme "Talk-Show: Reinventado a Comédia" (2019), estrelado por Emma Thompson, Mindy Kaling e John Lithgow fez um enorme sucesso com a crítica e público.

Estréia do dia 07 de agosto que segue em cartaz por todo o Brasil.

EM EXIBIÇÃO NOS CINEMAS

Escrito por Helen Ribeiro