Sempre Garotas, de Shuchi Talati


Sempre Garotas retrata o amadurecimento de uma adolescente hindu, a película expõe sensivelmente as consequências do machismo opressor sobre as mulheres indianas. Mas elas resistem, e esta mensagem de sororidade é um bálsamo a todo esse patriarcado milenar. Falando de sua realidade, a diretora e roteirista Schuchi Talati conseguiu alcançar o mundo e seu filme foi vencedor do prêmio 'John Cassavetes Award', no Spirit Awards 2025, e do 'Prêmio da Audiência', no Sundance 2024, festival que ainda concedeu um prêmio especial de atuação à jovem protagonista. O que acontece a garotas da Ásia também acontece a jovens das Américas, da Europa e dos outros continentes, o primeiro longa-metragem dessa jovem diretora é um espelho do patriarcado no mundo, mesmo que retirado de uma realidade específica da comunidade hindu da Índia.

Numa escola para os ricos indianos, Mira (Preeti Panigrahi), de apenas 16 anos, é a aluna mais inteligente e dedicada dessa escola de excelência que, apenas há muito pouco, permitiu que rapazes e moças frequentassem as mesmas salas. Devido a todas essas qualidades, a Mira é dado o título honorífico no seu último ano de escola de chefe da disciplina dos alunos, o que muito orgulhou sua mãe Anila (Kuni Kusruti) e seus professores.

Nas suas atividades de monitora, conhece o garoto Sri (Kesav Binoy Kiron), recém chegado à escola, filho de diplomata e conhecedor do mundo. Encantada com o rapaz, ela se apaixona. Nesse jogo de sedução entre os dois, Sri também se aproxima de Anila, com quem a Mila não se dá bem, e começa a frequentar a casa da namorada, sob o olhar atento da mãe.

Trailer



Ficha Técnica
Título Original e Ano: Girls Will Be Girls, 2024. Direção e Roteiro: Shuchi Talati. Elenco: Preeti Panigrahi, Kani Kusruti, Kesav Binoy Kiron, Kajol Chugh, Nandini Verma, Devika Shahani, Akash Pramanik, Aman Desai. Gênero: Coming of Age. Nacionalidade: India e França. FotografiaJih-E Peng. Direção de Arte: Avyakta Kapur. Figurino: Shaahid Amir. Som: Carole Verner, Laure Arto, Colin Favre-Bulle. Direção de Elenco: Dilip Shankar. Design de Produção: Avyakta Kapur. Trilha Sonora Orginal: Pierre Oberkampf e Sneha Khanwalkar. Produtores: Richa Chadha, Claire Chassagne, Shuchi Talati. DOP: Jih-E Peng. Editor: Amrita David. ProduçãoPushing Buttons studio, Dolce Vita Films, Crawling Angels Films, Cinema Inutile, Blink Digital, Arte Cofinova, Hummelfilm. Distribuição: Filmes do Estação. Duração: 118min.

Em paralelo com as atividades da escola, onde Mira controla tudo com mão de ferro, admoestando até mesmo seus amigos mais íntimos, a garota avança sexualmente com o rapaz, descobrindo suas primeiras sensações de prazer. O filme é bem ousado nesse ponto, pois o sexo, mesmo não retratado graficamente, foge completamente às convenções que conhecemos do cinema indiano, em que contatos físicos não são mostrados. O protagonismo feminino aqui é inegável, a adolescente sabe o que quer e toma suas decisões, inclusive confrontando o rapaz sempre que acha que algo está errado.

O mundo machista, porém, começa a mostrar suas garras. Batendo de frente com os colegas da escola, com a mãe, com o namorado, Mira começa a repensar suas atitudes. Algumas situações são bem assustadoras! Nesse mundo de machos hostis, a garota cabe a reaproximação com a mãe. A sororidade entre elas é uma resistência. Uma cena bela e discreta, mas que resume tudo, é quando a filha massageia o cabelo da mãe com óleo.

Crédito de Imagens:  Blink Digital, Cinema Inutile, Crawling Angel Filmes, Dolce Vita Films, Pushing Buttons Studios, Filmes do Estação / Divulgação 
 A produção recebeu cerca de vinte um prêmios em diversos Festival e chegou a ter trinta indicações

A universalidade do filme é enfatizar no roteiro a resistência feminina, que engloba embates, desilusões amorosas e retomada de decisões. As mulheres não tem chave e certas cenas entregam uma reviravolta completa à estória. São seres completos e resistentes, às violências físicas e psicológicas machistas sabem dar sua resposta.

Alguns jovens atores deixam a desejar em suas performances, todavia, as duas atrizes principais estão maravilhosas. O cotidiano dos hindus é interessante de se acompanhar, o que os torna tão próximos e tão distantes dos brasileiros é fascinante. O final é de grande sensibilidade e provoca muita reflexão. 

Nota: 7/10.

Em Exibição nos Cinemas

Escrito por Marcelino Nobrega

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